Tente visualizar essa cena: “homem negro é alvo de abordagem violenta da polícia”. Não é difícil. Infelizmente, esse é um episódio que está longe de ser um ponto fora da curva, ocorre rotineiramente nas periferias do país. Entretanto, desta vez ocorreu em Minneapolis, nos Estados Unidos, e resultou na morte de George Floyd, 40 anos, na última segunda-feira (25).
O acontecimento provocou revolta e manifestações nos Estados Unidos, entre elas o protesto de LeBron James, jogador do Los Angeles Lakers e astro do basquete norte-americano. O jogador postou em suas redes sociais uma foto onde veste a camisa com a frase “I can’t breathe”, em português: “Não consigo respirar”, em alusão à morte de George, e também ao ocorrido com Eric Garner, em 2014, que morreu de forma parecida.
Em sua publicação, LeBron alcançou milhares de fãs e personalidades famosas em seu país. Levantou a discussão sobre abordagem policial e discriminação racial. O posicionamento do jogador mostra como ele pode fazer a sua parte em tentar mudar essa triste realidade e levar o público à reflexão.
A postura do astro do basquete é um exemplo para todos os demais esportistas que também estão nesse patamar. Mostra que um atleta também é capaz de descer do pedestal para o qual foi alçado como ídolo e sentir a dor de outras pessoas. Usar o seu espaço para contribuir e transformar a sociedade.
Ser mais participativo em questões sociais é mais comum em outros países, mas ainda engatinha no Brasil. Quase nenhum atleta, por exemplo, se manifestou sobra a morte de João Pedro, adolescente de 14 anos, que foi morto após ação policial no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro. Ele sumiu após ser atingido por um tiro na barriga, ficou desaparecido e só depois a família encontrou o corpo do garoto no IML. Um acontecimento terrível. Que ganhou os protestos da classe artística do país, mas que mal foi notado por atletas.
Entre um dos poucos que se manifestou, o capixaba Richarlison, atacante do Everton-ING e da Seleção Brasileira fez um post em seu perfil no Instagram onde cantou versos de um funk que relata como o morador sofre na periferia. Na publicação ele usou a hashtag #joaopedropresente para deixar bem claro sobre o que se tratava.
Não ficar completamente alheio ao que acontece à sua volta e se manifestar quando sentir a dor do outro é o tipo de postura que, se não vai mudar o mundo, certamente vai fazer barulho e pode, sim, provocar reflexões e mudanças significativas para algumas pessoas. Já seria um começo. Não é pedir demais dos ídolos do esporte brasileiro.
O CASO
George sofreu com um policial ajoelhado em seu pescoço. Os gritos de “não consigo respirar” não foram suficientes para interromper a ação do militar. Conforme a BBC, depois ele foi transferido para uma ambulância. Em comunicado, a polícia informou que George não resistiu “após um incidente médico”.
A polícia estava respondendo a uma chamada dizendo que um homem tentava usar cartões e dinheiro falsos em uma loja de conveniência. Dois policiais surpreenderam o suspeito em um veículo. Segundo eles, ele "parecia estar intoxicado". Eles ordenaram que saísse do carro, mas o homem resistiu, segundo a versão da polícia.
Os quatro policiais envolvidos na morte de George Floyd foram demitidos e o caso segue sob investigação do FBI.
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