Conectado a tudo que acontece no mundo, a esfera esportiva está praticamente parada. É difícil girar em meio a uma pandemia responsável pela morte de mais de 23 mil pessoas e por infectar outras 500 mil em todo o planeta. O novo coronavírus ficará marcado na história desta geração, que pela primeira vez presencia a necessidade de interrupção das principais competições esportivas.
Símbolo máximo da superação por meio do esporte, os Jogos Olímpicos de Tóquio, que aconteceriam entre julho e agosto deste ano, foram adiados. É a primeira vez que uma edição de olimpíada não cumpre seu calendário por conta de uma pandemia. Em outras três oportunidades, apenas guerras impediram a realização dos Jogos.
No futebol, Eliminatórias da Copa do Mundo, Eurocopa, Copa América, Liga dos Campeões da Europa, Libertadores e diversos campeonatos nacionais foram suspensos. Algo inimaginável para esta geração. Entretanto, essa não é a primeira vez que o meio esportivo vive essa situação. Em 1918, a Gripe Espanhola, maior pandemia que este mundo já viu, provocou algo muito parecido com o que estamos vendo.
Com seus primeiros registros nos Estados Unidos, a Gripe Espanhola começou a se propagar entre março e maio de 1918, e a Espanha foi o primeiro país a realmente tratar a doença como algo realmente grave, por isso acabou batizando a pandemia que chegou forte ao Brasil em setembro do mesmo ano e realizou uma paralisação forçada na maioria dos campeonatos estaduais, que à época aconteciam no segundo semestre.
Morte e torneios parados
No Rio de Janeiro, o Campeonato Carioca seguiu normalmente sua tabela até o mês de outubro. Em novembro, o Estadual foi paralisado e as partidas só foram retomadas em dezembro. No fim, o Fluminense foi o campeão, mas viu o jogador Archibald French falecer durante a competição após ser infectado. O Paulistão teve que ser finalizado no ano seguinte. No mês de novembro, ficou definido que o estadual seria retomado em dezembro e finalizado apenas no ano seguinte, em janeiro. O Paulistano foi o campeão.
A título de curiosidade, o futebol capixaba não chegou a ser diretamente afetado. Em 1918, o Campeonato da Cidade de Vitória de Futebol foi a competição equivalente ao que acompanhamos hoje como o Capixabão. A final aconteceu no dia 10 de maio e a epidemia ainda não era uma preocupação no país. O Rio Branco foi o campeão ao bater o América por 2 a 1, na decisão que aconteceu em Paul. Os gols foram marcados por Costinha e Paixão. Na competição, o Capa-Preta ostentou uma campanha com seis vitórias em oito jogos.
Até a Seleção Brasileira de futebol viu a Gripe Espanhola atravessar o seu caminho. Em 1918, o Rio de Janeiro seria a sede da Copa América, mas o torneio acabou adiado. No fim, a Cidade Maravilhosa foi mantida como sede e viu o primeiro título importante da Seleção Brasileira em 1919. Na Europa, os torneios já estavam suspensos por conta da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), A Grã-Bretanha, por exemplo, chegou a usar jogadores como soldados.
A Gripe Espanhola infectou 500 milhões e matou pelo menos 50 milhões de pessoas no mundo inteiro em 1918. No Brasil, foram cerca de 35 mil vítimas. O vírus também circulou na Índia, em grande parta do sudeste Asiático, Japão, China, África, Américas Central e do Sul.
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Agora cabe a cada um fazer sua parte. Lavar as mãos e utilizar álcool em gel na higienização, e ficar em casa o máximo possível para evitar a contaminação e principalmente a disseminação da Covid-19. Vamos confiar na ciência e no trabalho dos médicos no tratamento dos pacientes infectados. E claro, torcer para que o impacto seja muito menor do que o causado pela Gripe Espanhola.
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