Jornalista de A Gazeta há 10 anos, está à frente da editoria de Esportes desde 2016. Como colunista, traz os bastidores e as análises dos principais acontecimentos esportivos no Espírito Santo e no Brasil

Não há problema na espera da Seleção Brasileira por Carlo Ancelotti

Achar essa espera um absurdo é um sintoma de arrogância de quem há anos continua acreditando que o Brasil é o “País do Futebol” por ser o único pentacampeão do mundo, mas se esquece que há cinco Copas a Seleção enfileira fracassos

Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid
Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, deve assumir a Seleção Brasileira. Crédito: Divulgação

Sem técnico desde a eliminação para a Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar, a Seleção Brasileira pode continuar assim por mais um ano. Ao que tudo indica, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está alinhada com o técnico Carlo Ancelotti para assumir o comando da Seleção, mas o italiano só estaria à frente da equipe canarinho em junho de 2024, quando se encerra seu vínculo com o Real Madrid.

Nesse período, Ancelotti escolheria um nome de sua confiança para estar à frente da Seleção ao lado de Ramon Menezes ao longo deste período de transição. Esse nome deve ser anunciado pela CBF até o fim deste mês.

Porém, a grande discussão do momento é se vale a pena o Brasil esperar pelo técnico italiano ou se é uma vergonha sem tamanho o imponente e pentacampeão do mundo futebol brasileiro ficar refém de um treinador. E sem enrolação já deixo minha opinião muito clara: vale a pena esperar.

A discussão é, ou ao menos deveria ser muito maior, do que esperar um técnico. É sobre a reconstrução do futebol brasileiro que acumula cinco eliminações traumáticas em Copas do Mundo, teve apenas um jogador na última seleção de melhores jogadores da Fifa e viu sua seleção sub-20 ser eliminada por Israel no mundial de categoria.

É óbvio que algo está errado e precisa de uma correção de rota. E já que em todos os insucessos recentes da Seleção técnicos brasileiros estiveram no comando, a própria situação pede o teste de um treinador estrangeiro. O que é impulsionado pelas conquistas de Jorge Jesus e Abel Ferreira no cenário nacional, e pela escassez de nomes de peso no mercado, vide que em pleno 2023, Corinthians e Atlético-MG recorreram a medalhões como Vanderlei Luxemburgo e Felipão. Tudo isso escancara que o mercado de técnicos brasileiros vive um momento ruim.

Vinicius Junior e Benzema lideraram a equipe na goleada por 4 a 0 diante do Barcelona
Vinicius Junior, principal nome do futebol brasileiro atualmente, vive melhor fase de sua carreira sob o comando de Ancelotti. Crédito: Redes Sociais/Reprodução

Dentro deste cenário, se a CBF percebe que um multicampeão como Carlo Ancelotti pode ser a solução, tem mesmo que manter a sua convicção e esperar pelo treinador. Não há nenhuma vergonha em aguardar por um bom profissional. Achar isso um absurdo é só mais um sintoma de arrogância de quem há anos continua acreditando que o Brasil é o “País do Futebol” por ser o único pentacampeão do mundo. É óbvio que existe uma história e ela precisa ser respeitada. Mas também está claro que algo ousado precisa ser testado.

Aos 64 anos, Ancelotti foi o primeiro técnico na história a vencer as cinco principais ligas europeias (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália), único treinador a conquistar quatro Liga dos Campeões, e de quebra, adora trabalhar com jogadores brasileiros, acumulando taças ao lado de vários.

Caso essa negociação realmente se confirme, o técnico italiano terá dois anos de trabalho com o Brasil até a Copa do Mundo. Lembrando que a edição de 2026 sediada por Estados Unidos, Canadá e México, será a primeira com 48 seleções. Ou seja, mais vagas e classificação ainda mais facilitada na América do Sul. Ancelotti não terá problemas para conduzir o Brasil à Copa, e terá tempo suficiente para montar um time capaz de ser campeão do Mundo.

Vale muito mais a pena esperar pelo nome certo, do que suprimir suas convicções, apostar em outro treinador no qual não se tenha tanta confiança, para ele ser pressionado e possivelmente ser substituído em seu primeiro insucesso.

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