O Corinthians entra em campo contra o Remo em duelo válido pela partida de volta da Terceira Fase da Copa do Brasil, na Neo Química Arena, na noite desta quarta-feira (26), às 21h30. Porém, mais do que a classificação à próxima etapa da competição, está em jogo algo muito mais importante para o clube: o lugar em que ele quer ficar na história. Será a primeira vez que Cuca comandará o time em casa, diante de uma torcida dividida sobre sua permanência ou não no clube.
Mas está claro que neste caso apenas um lado está com a razão. Já se torna difícil entender porque Cuca ainda não foi desligado de um clube que se orgulha de ser democrático e que foi um dos primeiros no Brasil a investir massivamente no futebol feminino, e que inclusive estampa a campanha “Respeita as Minas”. Não há respeito às minas, se em um cargo de destaque do clube está um homem que foi condenado por atentado ao pudor com uso de violência e nunca cumpriu a pena.
As últimas constatações sobre o caso Cuca são gritantes e determinantes para que o treinador não siga mais no clube e não tenha novas oportunidades em posição de destaque no futebol. Em entrevista par o UOL, o advogado Will Egloff, que representou a vítima do caso de estupro na Suíça em 1987, afirmou que: “A garota (vítima) o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor".
Em sua apresentação oficial no Corinthians, quando questionado pela situação, contou que não foi reconhecido pela vítima. “Se fosse no tempo de hoje, se tivesse acontecido agora, ia me favorecer muito. Você ia ouvir a moça: ‘Não, ele não estava. Não, ele não estava. Não, ele não estava’. Foram três vezes. Pronto. Eu já estou absolvido. Não existe coisa mais absoluta do que a palavra da vítima. Existe? Não existe”, declarou o treinador em sua primeira coletiva de imprensa como novo técnico do Timão.
Segundo o Jornal "Der Bund", de Berna, na Suíça, na época do julgamento, foi realizado um exame de corpo de delito, realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna, que apontou a presença do sêmen de Cuca no corpo da garota. Ou seja, em todo esse tempo o treinador sempre tentou minimizar sua participação no criminoso acontecimento. Mas os fatos apontam justamente o contrário.
Não importa se o caso aconteceu há 35 anos, se antes de chegarmos a esse ponto ele comandou diversos clubes e esteve em evidência e não foi questionado. O que interessa é que tal conduta não pode passar impune. Estar no Corinthians, um clube gigante e que tem forte ligação com as causas das mulheres, trouxe o crime à tona e ampliou a contestação da presença do treinador do clube. E é isso. A cada dia precisamos evoluir como sociedade e não deixar passar esse tipo de ocorrido.
A diretoria do Corinthians não pode agir juridicamente no processo, ou contribuir para uma nova condenação ou cumprimento da pena. Mas o clube pode fazer sua parte, que é não deixá-lo em um cargo de destaque no futebol nacional em que possa ser idolatrado e se tornar referência para quem acompanha o esporte. Esse direito, o Cuca precisa perder.
O Caso
O atual treinador do Corinthians e ex-jogador do Grêmio, Cuca, foi condenado a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência de uma menina de 13 anos em Berna, na Suíça. O caso aconteceu durante uma excursão do clube gaúcho no país europeu no ano de 1987. O réu foi julgado à revelia (não se defendeu) e nunca cumpriu a pena, pois voltou ao Brasil durante o tempo de prescrição do caso.
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