A crônica esportiva brasileira vive um dia difícil. Difícil para quem cresceu, se espelhou e se divertiu com as referências que estão nos deixando. Em menos de 24 horas, entre a noite de quarta-feira (15) e a manhã de quinta-feira (16), Washington Rodrigues, o Apolinho, Antero Greco e Sílvio Luis faleceram. Perde o esporte, perde o jornalismo, e cresce o sentimento de luto.
Apolinho foi nome fortíssimo no Rádio carioca. Passagens por grandes emissoras, marcando época na Rádio Globo e na Super Rádio Tupi. Não há como ser apaixonado pelo futebol nas ondas do rádio sem ter referências de Apolinho.
Antero Greco é um cara que dispensa comentários. Inclusive sou suspeito para falar, pois sempre foi uma referência muito forte para mim. Muitos vão lembrar dos momentos geniais na bancada do SportsCenter ao lado do Amigão. Jornalismo didático, claro, com seriedade e muito bom humor para quem entrava madrugada adentro na profissão. Mas gosta de lembrar também das colunas no Estadão. Análises pontuais e sempre com a criticidade aflorada. Sem rabo preso com ninguém.
E quem nunca se divertiu em uma transmissão sob o comando de Sílvio Luis. O narrador era uma máquina de bordões, dos mais sérios aos mais engraçados. E curiosamente em muitos momentos não precisava sequer gritar gol para ilustrar o momento mais marcante do futebol.
E em tempos que o consumo do esporte vive uma transição do jornalismo para o entretenimento. Os grandes nomes da crônica esportiva serão dificilmente substituídos. Na era dos influencers, em que a cada dia a transmissão vira mais um grande react e as coberturas críticas dão lugar ao "jornalismo engraçadinho", que só aborda o lúdico e o que o entrevistado quer falar, as narrativas empobrecem.
Hoje é um dia simbólico. Três ícones faleceram e deixaram esse vazio no jornalismo esportivo. Mas esse vazio tem tendência ao crescimento. Aguardemos o futuro.
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