Jornalista de A Gazeta há 10 anos, está à frente da editoria de Esportes desde 2016. Como colunista, traz os bastidores e as análises dos principais acontecimentos esportivos no Espírito Santo e no Brasil

Paolo Rossi: um dos responsáveis pela mudança de estilo da Seleção Brasileira

Vítima de câncer de pulmão, o ex-atacante italiano morreu na noite desta quarta-feira (09). Ele foi o carrasco da Seleção de 82, que ficou marcada por jogar bonito, mas não ser campeã. A partir dali, resultado passou a ser mais importante do que encantar

Vitória
Publicado em 10/12/2020 às 05h00
Paolo Rossi acabou se tornando responsável por uma mudança de filosofia no futebol da Seleção Brasileira
Paolo Rossi acabou se tornando responsável por uma mudança de filosofia no futebol da Seleção Brasileira. Crédito: Reprodução/TV Globo

Esta reta final de 2020 está mexendo com a memória e o coração que de quem se lembra de alguns dos grandes nomes do futebol mundial nos anos 80. Duas semanas após a morte do argentino Diego Armando Maradona, o esporte também dá adeus a Paolo Rossi, atacante italiano que entrou para a história do futebol mundial ao conduzir a Itália ao título da Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Rossi, que faleceu aos 64 anos, vítima de um câncer de pulmão, foi o carrasco de uma das gerações mais talentosas do futebol brasileiro. O esquadrão comandado por Telê Santana, que tinha em campo nomes como Júnior, Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, foi derrotado pela Itália por 3 a 2 no confronto equivalente às quartas de final do Mundial. Naquela partida, o atacante marcou os três gols da Azurra e enterrou o sonho do tetra do Brasil. Após a dolorosa derrota, começava uma mudança de filosofia no futebol da Seleção Brasileira.

"As pessoas ficaram com a impressão de que o time jogou bonito, que era tecnicamente muito bom, mas não ganhou. Então o pensamento depois disso foi de que a filosofia precisava mudar para que o Brasil voltasse a ser campeão”, declarou Zico em entrevista ao documentário The Burden of Beauty, à Rádio da BBC, em 2014.

Após a apoteose de Paolo Rossi no jogo que para os brasileiros ficou marcado como a “Tragédia do Sarriá”, tamanha a decepção em ver quele time ser eliminado, teve início a transição do futebol arte para o futebol de resultado. Plasticidade, talento e técnica não deixaram de ser importantes, mas em alguns momentos ficaram de lado para imposição física e esquemas táticos rígidos. O Brasil perdeu um pouco de identidade.

Seleção Brasileira de 82 estava recheada de craques, mas caiu para a Itália de Paolo Rossi
Seleção Brasileira de 82 estava recheada de craques, mas caiu para a Itália de Paolo Rossi. Crédito: Acervo CBF

Em 1986, no México, ainda com Telê no comando, Sócrates em campo e Zico longe de suas melhores condições físicas, o último suspiro de um time talentoso parou na França de Platini, mais uma vez nas quartas de final. Era a gota d’água. A Copa de 1990 consolidou o estilo truculento, mas o Brasil não passou perto do título. Caiu para a Argentina de Maradona e Caniggia nas oitavas de final.

Mas em 1994, veio a resposta que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tanto esperava. Nos Estados Unidos, o pragmático time de Carlos Alberto Parreira venceu a Copa. Um time operário, que tinha em Romário sua referência ofensiva. O Baixinho, como sempre, foi genial e o grande nome daquele mundial. Título mais na garra e na raça do que na técnica. E curiosamente sobre a Itália, país de Paolo Rossi. 

Já em 2002, a conquista do penta. Apesar de uma geração com mais talento com os expoentes em Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, um Brasil que foi campeão no coração. O time de Felipão atuava com três zagueiros e dois volantes, sendo um (Gilberto Silva) praticamente exclusivo para a marcação. Ainda bem que a linha de frente resolveu. Mais uma vez o Brasil não foi brilhante, mas foi campeão. Seguindo com a eterna discussão, que começou lá na derrota de 82 e perdura até hoje, momento em que a Seleção luta para reencontrar o caminho dos títulos.

CARREIRA DE PAOLO ROSSI

Paolo Rossi foi o grande nome da seleção da Itália na conquista do terceiro título mundial da Azzurra, em 1982. Na Copa, em que o atacante fez história ao marcar três vezes contra a Seleção Brasileira, faturou também a Bola de Ouro da Copa e a artilharia do Mundial em 82.  Foi o melhor momento da carreira de Rossi, que chegou a ir à Copa de 1986, mas não entrou em campo.

No futebol italiano, Paolo Rossi defendeu a Juventus, o Vicenza, o Perugia, o Milan e o Verona. Foi na "Velha Senhora" onde ele teve mais sucesso. Conquistou a então Copa dos Campeões da Uefa, a Recopa Europeia, a Supercopa Europeia, a Copa da Itália e duas vezes o Campeonato Italiano. 

No centenário da Fifa, em 2004, ele foi incluído na lista dos 125 melhores jogadores da história, em lista selecionada por especialistas da entidade. Ao lado de Ronaldo (em 2002), Rossi foi o único a, no mesmo ano, ganhar a Copa do Mundo, vencer o torneio e receber a Bola de Ouro.

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