A forma como está sendo conduzido o desligamento do técnico Paulo Sousa do Flamengo diz muito sobre o momento do Rubro-Negro. A desorganização é total, está dentro e fora de campo, e os efeitos são nocivos demais para quem investiu tanto e aspira conquistar títulos importantes na temporada.
Que decisão é essa que o clube confirma que definiu a demissão de um profissional, mas cogita deixá-lo no comando enquanto não anuncia um novo nome para estar à frente do elenco? Imagine o clima entre comissão técnica e jogadores durante esse tempo. Quer demitir? Ok. Fim da linha, respeita-se as cláusulas do contrato e cada um segue seu rumo. Mas tal situação beira o inacreditável.
A derrota para o Bragantino, um time que não vencia há nove jogos, na noite desta quarta-feira (08), foi apenas a gota d'água, mas a permanência de Paulo Sousa no comando já tinha se tornado insustentável. Desde o início da temporada não se viu evolução, o desempenho foi muito abaixo do esperado e resultados importantes não vieram.
Toda vez que se viu em uma situação de dificuldade em uma partida nesta temporada, o Flamengo não conseguiu ser superior. Foi assim em jogos duros como contra o Fluminense no Campeonato Carioca e frente ao Atlético-MG na Supercopa do Brasil, mas ultimamente até em jogos teoricamente mais fáceis, caso do duelo contra o Fortaleza no último domingo (05), em que alcançou a proeza de ser derrotado pelo lanterna do Brasileirão em pleno Maracanã lotado, o Rubro-Negro não conseguiu se sobressair, o que é grave.
A classificação para o mata-mata da Libertadores veio graças ao fraquíssimo nível dos adversários na fase de grupos. No geral, Paulo Sousa se mostrou um treinador com muita teoria e pouco resultado. Formações táticas confusas, mudança de posicionamento de jogadores importantes, escalações e substituições contestadas. Há muito pouco o que se aproveitar da passagem do treinador português pelo Flamengo.
O técnico, contratado em 25 de dezembro de 2021, deixa o clube com 32 jogos, 19 vitórias, sete empates e seis derrotas. E de quebra, vai receber R$ 7,7 milhões do Flamengo pela multa de rescisão do contrato.
ELENCO DÁ SINAIS QUE PRECISA DE REFORMULAÇÃO
Se a falha da diretoria em conduzir situações e o fraco desempenho do treinador já foram citados neste texto, não há como deixar de fora dessa análise o baixo nível de atuação de vários jogadores do Flamengo nos últimos jogos. O argumento que os atletas estavam jogando para derrubar o técnico é soberbo e injustificável. Apenas mascara a realidade de que hoje o Flamengo não tem um time tão bom. Tem ótimos jogadores, mas como conjunto vem deixando muito a desejar. E nem tudo foi culpa do técnico.
À exceção de Arrascaeta, craque e cérebro do time, muitos outros atletas não estão entregando o que já entregaram. Gabigol está finalizando mal, Bruno Henrique, apesar de valoroso não vem sendo decisivo. Éverton Ribeiro está oscilando muito, Willian Arão cometendo falhas infantis. O problema no gol permanece, a defesa é um problema grave, parte do elenco envelheceu e já não tem o mesmo vigor... são algumas das observações que podem ser feitas.
Pode ser que tenha até a reação sob o comando de um novo treinador, mas esse elenco está desgastado e precisa sangrar. A reformulação tem que passar pela saída de nomes que já foram importantes, mas que já cumpriram seu papel pelo clube. Entretanto, a diretoria parece ter medo ou não saber lidar com jogadores que conquistaram muitos título pelo clube nos anos anteriores e cresceram demais nos bastidores.
Paulo Sousa mereceu a demissão, mas muito ainda tem que mudar para o Flamengo reencontrar seu caminho. Vamos aguardar os próximos capítulos.
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