Jornalista de A Gazeta há 10 anos, está à frente da editoria de Esportes desde 2016. Como colunista, traz os bastidores e as análises dos principais acontecimentos esportivos no Espírito Santo e no Brasil

Por que 133 gols nos últimos 4 anos não levaram Gabigol para a Copa?

Ausência sentida por muitos na lista do técnico Tite dos 26 convocados para a Seleção Brasileira, Gabriel Barbosa vem sendo decisivo no Flamengo, mas não encheu os olhos de Tite

Gabigol garantiu a vitória do Flamengo sobre o Santos na Vila Belmiro
Gabigol é um dos principais jogadores do futebol brasileiro, mas não vai para a Copa do Mundo. Crédito: Gilvan de Souza/Flamengo

Duas Libertadores, dois Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil, três Estaduais, uma Recopa Sul-Americana e duas Supercopas do Brasil: essas são as taças que Gabigol ajudou o Flamengo a conquistar atuando como um dos protagonistas do time. Ao longo desse caminho, que se iniciou em 2019, o atacante marcou 133 gols, sendo alguns em finais. Ainda assim, Gabigol não foi lembrado pelo técnico Tite na lista dos jogadores que vão para a Copa do Mundo.

Os números de Gabigol são excelentes, mas por que o jogador não conseguiu conquistar a confiança de Tite para vestir a amarelinha no Catar? Essa é a pergunta que está na cabeça de muitos brasileiros, sejam torcedores, jogadores ou profissionais da imprensa.

A resposta oficial da comissão técnica de Tite é que não tem espaço para todo mundo e que muitos bons jogadores ficaram de fora. “Inicialmente, acabamos escolhendo dois por posição. Dois externos pela direita e dois pela esquerda, dois pivôs, dois meias que chegam mais por dentro. A partir daí, complementamos por características. Acreditamos estarmos bem servidos nesse ponto, com jogadores de lado e características diferentes. Não só o Gabigol, que viveu um momento importante com a gente e no Flamengo há mais tempo, mas atletas como Cunha (Matheus, do Atlético de Madrid), Firmino (Roberto, do Liverpool) e por aí vai. Sempre vai sobrar gente importante”, afirmou o auxiliar técnico de Tite, Cléber Xavier, em entrevista na sede da CBF na tarde de segunda-feira (07).

Essa foi a conclusão que a comissão técnica da Seleção chegou após Gabigol estar em cinco convocações no ciclo da Copa do Mundo, disputar 14 jogos e marcar apenas três gols. Em 2021, o atacante, que na maioria das vezes esteve no banco de reservas da equipe, atuou em cinco jogos na Copa América e em sete partidas nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo.

De pênalti, Gabigol marcou o segundo gol do Brasil na partida
De pênalti, Gabigol marcou o segundo gol do Brasil na partida. Crédito: Lucas Figueiredo/CBF

Fato é que Tite está satisfeito com Richarlison, Pedro e Gabriel Jesus, mesmo que este último não esteja em fase goleadora. Ao fazer essa convocação, o treinador se importa muito mais com características do que com números. E tem motivos diferentes para escolher esses três como centroavantes e preterir Gabigol.

Richarlison está com Tite desde o início do ciclo. Em 38 partidas pela Seleção marcou 17 gols. Além de atuar como centroavante de ofício, pode jogar pelos lados, como faz no Tottenham, e ainda chega à área com qualidade. Sem contar sua vontade visceral de vestir a camisa da Seleção Brasileira, onde já conquistou Copa América e Olimpíada.

Já Pedro é a escolha de Tite para o centroavante do último toque. Uma vez o treinador já classificou o jogador como o “homem do toque terminal”, um definidor de jogadas. Quando precisar desse estilo, o técnico escolherá o atacante do Flamengo que viveu grande temporada em 2022 e tem um excelente aproveitamento nas finalizações.

Do lado de Gabriel Jesus, faltam gols, mas o estilo agudo, as jogadas pelo lado de campo, a movimentação, e principalmente a recomposição defensiva, pesam a favor do atacante que ao trocar o Manchester City pelo Arsenal voltou a se destacar no futebol inglês.

Ah, mas o Gabigol mudou sua forma de jogar recentemente? É verdade, ele se tornou um jogador com mais mobilidade, passou a sair da área e preparar o jogo para os companheiros. Mas de tal forma, abriu espaço também para Pedro superá-lo no quesito definição. E pelos lados passou a ter uma competição mais pesada contra Raphinha, Antony, Vini Jr, Rodrygo, e até mesmo Neymar, onipresente no ataque brasileiro. Logo Gabigol ficou ainda mais para trás nessa corrida.

E não há como descartar o fato de Gabigol ser decisivo na América do Sul e não na Europa, onde estão os melhores jogadores do mundo. Basta observar a quantidade de jogadores na lista de Tite que atuam no Brasil: apenas 3. A quantidade de chances perdidas também prejudicam o atacante, que, na regra, precisa de muitas chances para estufar as redes. E nem sempre isso vai acontecer em um jogo de Copa do Mundo.

Por mais que incomode, a convocação de Tite no ataque ainda é bem coerente. A comparação que muitos fizeram com Gabriel Martinelli é equivocada, pois esse vai jogar pelo lado esquerdo do campo. Gabigol tem 26 anos, se continuar em alto nível vai poder buscar seu lugar na Copa de 2026, provavelmente com um novo treinador.

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