O futebol feminino brasileiro, que já produziu jogadoras do calibre de Marta, Cristiane, Formiga e Sissi, é sempre muito lembrado em épocas de competições importantes, mas seu dia a dia é quase sempre ignorado por muitos. Mas guerreiras que são, as atletas seguem lutando pela modalidade e conquistando vitórias importantes fora dos gramados, em um campo, que para elas, historicamente, se mostra muito mais difícil de atuar.
Na última quarta-feira (02), o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, confirmou que as diárias entre homens e mulheres na seleção brasileira serão iguais e não haverá mais diferença entre os gêneros. O mandatário ainda afirmou que a premiação, em caso de sucesso nos Jogos Olímpicos, será igual. Já os valores referentes à Copa do Mundo serão nivelados de acordo com as quantias oferecidas pela Fifa.
“Desde março deste ano, a CBF fez uma igualdade de valores em relação a prêmios e diárias entre o futebol masculino e feminino. Jogadoras recebem diária igual aos homens. Aquilo que elas ganharem por premiação em Olimpíadas será o mesmo que homens. Copa do Mundo será igual proporcionalmente ao que a Fifa oferece. Não há mais diferença de gênero. CBF está tratando de forma equânime homens e mulheres”, contou Rogério Caboclo em entrevista.
Após o anúncio de Caboclo, surgiram milhares de comentários nas redes sociais repercutindo a decisão da CBF. Muitos afirmando que não é justo, já que o futebol masculino é muito mais rentável para patrocinadores, movimenta uma quantidade maior de dinheiro, possui mais visibilidades… dentre outros argumentos. Boa parcela desse discurso realmente se confirma na prática, mas isso atualmente é uma questão de mercado, que pode e deve caminhar para ser revista, como já aconteceu em outras modalidades como o tênis, que já igualou as premiações nos grand slams de Wimbledon e Roland Garros, e do basquete americano na WNBA, que no início desse ano anunciou reajuste significativo nos salários e nas premiações.
No Brasil, a Confederação Brasileira de Vôlei, há anos disponibiliza premiações iguais no vôlei de praia mostrando que é possível valorizar mais o espetáculo, e os atores independentemente do sexo. A CBF, como instituição, toma a decisão correta em igualar esses valores na esfera pela qual é responsável. Afinal, são homens e mulheres que usam a mesma camisa, disputam as mesmas competições, treinam nos mesmos ambientes. Não há por que diferenciar a remuneração. Que esse posicionamento seja um exemplo a ser seguido para outras confederações ao redor do mundo.
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Trata-se de uma vitória significativa para o futebol feminino. Que seja uma de muitas que ainda precisam acontecer. O esporte tem apelo no Brasil, vide a mobilização que foi provocada após a transmissão em TV aberta da última Copa do Mundo Feminina de Futebol. O Campeonato Capixaba mesmo viu o número de equipes triplicar: sair de três para nove participantes. Mas é preciso de mais cuidado, investimento e estrutura. Que a postura da CBF possa ser um pontapé inicial que mude a forma como o esporte é tratado no Brasil.
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