Hostilizado por milhares de torcedores no Maracanã na noite de domingo (29), mesmo após a vitória do Flamengo sobre o Athletico-PR por 1 a 0, Tite foi demitido do comando técnico do time rubro-negro na manhã desta segunda-feira (30). Além do repúdio da torcida, pesaram contra o treinador as convicções em jogadores e estratégias que não trouxeram resultados, e a falta de repertório, mesmo com um elenco talentoso à disposição.
Renomado e visto como solução para o Flamengo, Tite foi apresentado oficialmente como técnico do clube em outubro do ano passado. Desde então foram 70 jogos, com 42 vitórias, 12 empates e 16 derrotas, um aproveitamento de 65,7%. Os números frios nem são tão ruins assim. O início da temporada com o título carioca invicto e sofrendo apenas um gol foi uma grande ilusão. No momento em que o técnico foi mais exigido, ele não conseguiu apresentar soluções.
A eliminação na Libertadores para o Peñarol foi um duro golpe na trajetória de Tite. Mas antes disso, o futebol apresentado em campo já incomodava. Com um ótimo elenco, turbinado em ano de eleições no clube, o treinador não conseguiu desenvolver diferentes formas de jogar. Manteve-se abraçado a uma proposta e se viu completamente perdido com as perdas de Everton Cebolinha, Pedro e Luis Araujo.
É óbvio que o Flamengo sofreu com a quantidade de desfalques, mas ainda assim é capaz de ter escalações de dar inveja em quase todas as equipes do país. Decisões como apostar em Carlinhos no ataque em momentos decisivos, em Pulgar longe de seus melhores dias e no inoperante Varela tiraram boa parte da credibilidade do treinador nos jogos decisivos.
Tite se despede do Flamengo da mesma forma que deixou a seleção brasileira após a Copa do Mundo do Catar: abraçado a apenas uma forma de jogar futebol e incapaz de encontrar soluções quando esse estilo não funciona. Muito pouco para o que se espera de Tite.
Máquina de moer treinadores
Tite tem seus vários defeitos e suas várias falhas que justificam a demissão. Entretanto, é impossível não destacar que ele estava em um ambiente de extrema pressão para treinadores, e que parece acreditar que nenhum profissional funciona. Desde a saída de Jorge Jesus em 2020, o Flamengo já demitiu oito técnicos, entre eles nomes renomados no cenário nacional como Dorival Júnior, Rogerio Ceni, Renato Gaúcho e Jorge Sampaoli.
Esse número é muito alto para um time grande e a diferença de estilo dos nomes mostra que a diretoria não tem nenhum planejamento para o Flamengo. São escolhas de momento com a expectativa que tudo vai dar certo de forma mágica. Não é possível que só treinadores ruins passaram pelo Flamengo nesses últimos cinco anos. Algo no comando também está errado e precisa ser corrigido.
Técnico do sub-20, Filipe Luís assume como interino. Uma cartada da diretoria com um nome que não tem rejeição e pode motivar o elenco. Uma aposta que queima etapas, mas que pode trazer resultado.
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