O Brasileirão tá maluco. E quer fazer o torcedor perder a sanidade também. Quem acompanha futebol sabe que se trata de um esporte em que tudo pode acontecer, mas as reviravoltas desta edição do Campeonato Brasileiro trazem enredos de dar inveja aos roteiristas de Hollywood. Praticamente todos os times acabam de alguma forma envolvidos em histórias imprevisíveis, que podem te encher de esperança ou te deixar triste com requintes de crueldade.
Algumas equipes são protagonistas desta história. Palmeiras, Botafogo, Flamengo, Atlético-MG, Grêmio e Bragantino vivem um carrossel de emoções na parte de cima da tabela. Na parte de baixo, alguns destinos já foram selados, casos de América-MG, Coritiba. Já Goiás, Bahia, Vasco, Santos, Cruzeiro, Corinthians e Fortaleza protagonizam uma verdadeira novela mexicana. O torcedor não sabe se é para rir ou chorar, sonha com um final feliz, mas pode ser surpreendido negativamente a qualquer momento com uma atuação tenebrosa. Mas seu pesadelo mesmo é assistir ao drama do rebaixamento.
Decadência do Botafogo e Ascensão do Palmeiras
A duas rodadas do fim do Brasileirão, o Palmeiras está com a mão na taça. Com cabeça fria e coração quente, o time comandado por Abel Ferreira, mesmo sem encantar, é muito competitivo e regular. Uma equipe que se recusa a perder, que já via o título como um sonho distante, mas ascendeu ao protagonismo máximo dessa odisseia graças a decadência do Botafogo.
Reza a lenda que “tem coisas que só acontecem com o Botafogo”, e isso nunca foi tão visível. Desde que o Glorioso perdeu o clássico para o Flamengo, o time começou a esfarelar, principalmente no aspecto psicológico, quando Bruno Lage colocou o cargo a disposição, mesmo com grande vantagem sobre os rivais.
Depois disso foi só ladeira abaixo. Uma derrota em uma virada homérica do Palmeiras, novo revés traumático para o Grêmio com hat-trick de Suárez, que nem seria escalado para o jogo. Sofreu um empate aos 50 minutos do segundo tempo do Bragantino, troca de técnico, novo empate no fim do jogo, desta vez diante do Santos, e nesta quarta-feira (29), mais uma igualdade ingrata. Contra o Coritiba, o Glorioso abriu o placar aos 52, sofreu o empate aos 53 do segundo tempo. Não há psicológico que resista a isso. Nem dos jogadores e nem dos torcedores. O que acontece com o Botafogo beira o inacreditável.
A distância do Alvinegro para os rivais era tão absurda, que o time carioca não vence há oito jogos e ainda é o vice-líder da competição. Porém, o título não vem mais. Já estamos presenciando a maior pipocada da história do Brasileirão. E o Palmeiras, que quando faltavam dez rodadas para o fim do Brasileirão, era o quarto em chances de título conforme os matemáticos, vai papar mais um título.
Sonhos, que são apenas sonhos mesmo
Um pouquinho atrás, bem pouquinho mesmo, estão os que se permitem sonhar. Tipo o Atlético-MG, que venceu o Flamengo em pleno Maracanã, e está agora a três pontos do líder. Ainda dá? Claro que dá, mas não será fácil. O Galo, logo que contratou Felipão para ser técnico, ficou oito jogos sem vencer. Perdeu todas as esperanças, mas o campeonato tá tão disputado, que chegou na briga. Pena que chegou tarde demais, e vai morrer na praia.
O Flamengo também já tinha dado adeus à corrida pelo título, mas com novo ânimo com Tite no comando, e as vitórias nos jogos atrasados, chegou no bolo. Mas tudo indica que chegou só para sentir o cheirinho mesmo. Você pode ter ouvido por aí o famoso "deixou chegar" ou "tão deixando a gente sonhar". Mas o Galo jogou um balde de água fria no sonho rubro-negro. A euforia dos torcedores já desapareceu, eles inclusive já sumiram do WhatsApp.
Como sonhar é de graça, em algum momento desta reta final até mesmo Grêmio e Bragantino sonharam com o título. Entre o final de outubro e início de novembro, o Tricolor Gaúcho embalou uma sequência de vitórias: superou Flamengo, América-MG, Coritiba, Bahia e Botafogo, e se colocou como candidato a levantar a taça, porém na sequência o time de Renato Gaúcho conseguiu perder em casa para o Corinthians, e depois caiu para o Galo. Ao que tudo indica, o Imortal já morreu. Quanto ao Bragantino, apenas um resumo: faltou camisa.
Caiu! Não caiu! Vai cair! Não cai! Ou cai?
América-MG e Coritiba já estão rebaixados. O Goiás é virtual rebaixado, a famosa questão de tempo. Resta uma vaga e alguns times na disputa. E a última rodada trouxe mais uma reviravolta daquelas. Abrindo os trabalhos, o Vasco recebeu o Corinthians, que tinha acabado de tomar 5 a 1 do Bahia em plena Neo Química Arena. O Gigante da Colina não perdia há mais de um mês, mas ele insiste em não dar paz ao seu torcedor. Perdeu por 4 a 2 com uma atuação abaixo da média, daquelas que minam o moral do elenco. De quebra, se vê com duas rodadas difíceis pela frente: vai encarar Grêmio e Bragantino. Ou seja, mesmo na 16ª colocação, o sentimento era de "já caiu".
Mas eis que São Paulo e Fluminense, os famosos times que "não querem mais nada na competição", deram uma força ao Cruz-Maltino. O Tricolor Paulista venceu o Bahia com gol no último minuto, em plena Fonte Nova, e o Tricolor Carioca atropelou o Santos na Vila Belmiro. Logo, o Bahia se manteve no Z-4, e o Santos não se distanciou do Vasco, cenário pouco provável pelos especialistas. Fato é que a disputa está aberta e o torcedor do Vasco tem mais duas rodadas para ter esperança e roer as unhas entre a confiança na permanência na elite e o medo de um novo rebaixamento.
Cruzeiro e Fortaleza ainda jogam nesta rodada, só aí saberemos como vão ficar nessa amarga luta contra a degola nas derradeiras rodadas. Fato é que tudo pode acontecer. Inclusive não se concretizar algumas previsões que fiz ao longo desse texto. Lembre-se que o roteiro está completamente imprevisível.
E torcedor, cuide de sua saúde física e mental. Prepare o seu coração para esta reta final. O Ministério da Saúde alerta: "Em caso de sintomas, o médico deverá ser consultado".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.