Com mais de 102 mil pessoas infectadas e 9.053 mortes provocadas pelo novo coronavírus, a Espanha é o segundo país mais afetado pela pandemia, atrás apenas da Itália. Em meio a esse cenário de caos e preocupação, um capixaba que mora em Valencia, cidade que fica localizada na costa sudeste do país, vive de perto essa situação que obrigou a população espanhola a mudar radicalmente de hábitos para tentar evitar a disseminação do Covid-19.
Há três anos no país, Calebe de Souza Ferreira, 29 anos, é o responsável pela área internacional do Centro de Formação do Valencia, tradicional time do futebol espanhol, que também está sentindo os efeitos da pandemia. A equipe teve 35% de sua equipe esportiva contaminada pelo Covid-19 após partida contra o Atalanta que aconteceu em Milão no dia 19 de fevereiro. Ele relata que nunca viveu nada parecido e também acredita que impacto do vírus foi minimizado no início.
Calebe de Souza Ferreira
Responsável pela área internacional do Centro de Formação do Valencia
"A situação aqui está bem diferente. Creio também que subestimaram o efeito do vírus aqui no país. Virou uma preocupação nacional entre os dias 10 e 11 de março. Agora as pessoas só podem sair para supermercado ou farmácia, e a chance de ser parado pela polícia para ter que se explicar é grande. Se não for uma explicação convincente estamos sujeitos à multa. Nos últimos 15 dias, fui apenas três vezes a um supermercado perto de casa"
Devido ao crescimento absurdo de casos no país, que já chegou a registrar 864 mortes em apenas um dia, as pessoas estão mais conscientes. Calebe relata que a movimentação diminuiu muito em sua cidade e o governo está mais atento e enérgico com relação às medidas preventivas.
“Estou muito triste com tudo que está acontecendo, com tantas mortes e ruas vazias. As pessoas estão conscientes que necessitam ficar em casa para pouco a pouco diminuir a ação deste mal. A polícia também tem feito um trabalho muito forte com relação a isso. Tenho a sensação que juntos sairemos mais fortes dessa”, afirmou o capixaba que neste período passou a trabalhar em sistema de home office.
Calebe quase foi a jogo “Bomba Biológica” em Milão
O mundo do esporte está paralisado para prevenir a propagação do Covid-19. Mas antes da bola parar de rolar na Liga dos Campeões da Europa, uma partida foi comparada a uma bomba biológica que disseminou o coronavírus. No dia 19 de fevereiro, o Valencia foi a Milão enfrentar o Atalanta pelas oitavas de final da competição continental, exatamente quatro dias antes da Itália registrar o primeiro paciente com coronavírus no país. O time italiano é da cidade de Bérgamo, mas decidiu mandar o jogo em Milão e provocou o deslocamento de 40 mil torcedores ao Estádio San Siro.
De acordo com o prefeito de Bérgamo, Giorgio Gori, em Milão todos os torcedores, jogadores e demais envolvidos na partida tiveram o contato com o vírus e isso contribuiu para a contaminação. Tanto que, a cidade se transformou em uma das mais afetadas da Itália, o Valencia registrou 35% de sua equipe esportiva (10 jogadores e 15 membros da comissão técnica) e o Atalanta teve pelo menos cinco membros que testaram positivo.
"Quando os jogos são aqui em Valencia eu sempre vou. Porém, esse era um jogo eliminatório da Liga dos Campeões, por isso pensei em ir. Mas acabei não indo. Graças a Deus", contou Calebe.
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De acordo com o jornal “Marca”, jogadores e comissão técnica da equipe do Valencia já estão recuperados do coronavírus. O jornal publicou nesta quarta-feira (01) que o clube fez novamente os testes nos infectados, e todos os resultados deram negativo.
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