A edição do Campeonato Brasileiro marcada por jogos adiados por conta do calendário espremido e dos jogadores cortados de partidas por terem sido infectados pelo novo coronavírus tem mais um grande protagonista: o VAR, recurso necessário no futebol, mas que precisa ser utilizado com competência para não se tornar um fator prejudicial ao jogo.
Entretanto, a ferramenta não á nada mais que o reflexo do baixíssimo nível da arbitragem brasileira. Com ou sem VAR, as competições nacionais sempre acumularam erros graves, falta de critério e marcações inseguras. Logo, a ferramenta que possui o objetivo de reduzir a quantidade de falhas humanas e deixar o jogo mais justo, se torna apenas mais um elemento de polêmica.
Nesta sexta rodada do Brasileirão tivemos dois jogos com lances discutíveis que envolveram o uso do árbitro de vídeo. No sábado (29), o Botafogo perdeu para o Internacional por 2 a 0. Na partida, o Glorioso teve dois gols anulados pelo VAR. O primeiro em um lance de impedimento, e o segundo após os árbitros responsáveis pela checagem do vídeo alertarem o juiz de uma falta no início do lance.
Falta esta, que é caso de interpretação. Teve contato porque o futebol é um esporte de contato. Insuficiente, na minha opinião, para ser assinalada a infração. É claro que é um lance de interpretação, mas deixa claro a falta de critério, pois teríamos centenas de faltas como essa em uma partida. O próprio árbitro de campo estava em cima da jogada e decidiu não marcar. Onde está sua decisão soberana? Mas ao ser alertado e depois ver a disputa várias vezes, em câmera lenta, o que potencializa qualquer contato, mudou de opinião. Quem apita então?
É bom deixar claro aqui que nada justifica a atitude do goleiro Gatito, do Botafogo, que chutou a cabine com o monitor para checagem dos lances. O arqueiro tem que ser punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Não há defesa nessa ocasião.
SANTOS X FLAMENGO
Já neste domingo (30), o Santos teve dois gols anulados diante do Flamengo. Dois impedimentos. Se o primeiro foi claro, o segundo foi mais um lance polêmico na rodada. Quando a marcação é de posição irregular, o árbitro de campo não precisa checar o monitor, a equipe de vídeo apenas informa se há irregularidade ou não. Mas a câmera da transmissão do jogo foi clara ao mostrar que o juiz foi observar se houve um toque de mão na jogada, o que não aconteceu. Mas ao sair da cabine ele assinalou impedimento. O que mostra como vem sendo confusa a atuação da arbitragem.
O juiz foi checar um toque de mão e voltou com um impedimento, que também pode ser questionado, já que o atleta no caso não foi fundamental no gol, já que a bola passou por ele e foi direto para as redes. Foi considerado que sua participação foi decisiva no lance. Decisão também muito discutível.
Além da falta de segurança e clareza nas decisões incomodarem, o tempo gasto com as análises em vídeo é um absurdo. Em dois lances, o jogo entre Santos e Flamengo ficou paralisado por aproximadamente dez minutos. É muito tempo para interromper a partida e ainda reforça a falta de convicção na tomada de decisões. O despreparo é perceptível.
Conforme o protocolo da Fifa, o VAR pode ser acionado em quatro ocasiões: lances de penalidades (foi ou não pênalti, dentro ou fora, na cobrança ocorreu infração, a bola entrou ou não); quando um gol for marcado (houve algum tipo de infração – impedimento, falta, a bola entrou ou não); identificação equivocada de um jogador; e cartão vermelho. Infelizmente, o recurso acaba se tornando uma muleta para árbitros ruins. Deixam o jogo rolar, se isentam das decisões e depois checam. Quando o lance é claro, ótimo. Mas quando gera dúvida aparecem as incertezas e o despreparo, como acontecia quando o VAR ainda nem existia. O problema não é a ferramenta e sim quem a utiliza.
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