A vitória do Vasco sobre o Bragantino por 2 a 1 na noite da última quarta-feira (6), em São Januário, foi a consumação de um milagre. No dia 24 de julho, ao fim da 16ª rodada do Brasileirão, o Cruz-Maltino ocupava a lanterna da competição com míseros 9 pontos e 80% de chances de ser rebaixado. Era o fundo do poço. Mas Ramón Diaz resgatou o elenco, contou com reforços pontuais e conduziu o Gigante da Colina a um final feliz.
Entretanto, o Vasco vive um misto de sentimentos. O alívio por não cair para a Série B se mistura à decepção de ser um clube gigante e se ver lutando por tão pouco. Por isso, o planejamento 2024 já começou. A diretoria não pode se dar ao luxo de desperdiçar tempo. A demissão do diretor esportivo Paulo Bracks é o indicativo de insatisfação com a trajetória da equipe neste ano. É justamente o que precisa acontecer. A permanência milagrosa na elite do futebol brasileiro não pode mascarar os vários erros cometidos ao longo da temporada.
Em 2023, o Vasco investiu R$ 110 milhões em contratações. Deste total, R$ 108 milhões foram utilizados logo no início do ano. Porém, foi montado um time muito limitado para o que o Brasileirão pedia. A correção de rota foi inevitável. Com criatividade e mais R$ 2 milhões no bolso para contratações, o clube conseguiu enfim montar um elenco competitivo no meio do ano.
Em determinado momento do campeonato, a escalação do técnico Ramón Diaz tinha apenas três jogadores utilizados desde o primeiro semestre (Léo Jardim, Lucas Pitón e Gabriel Pec). Os demais foram reforços do meio da temporada, ou jogadores que estavam esquecidos em São Januário, casos do volante Zé Gabriel e do lateral Paulo Henrique. Ou seja, a diretoria praticamente jogou no lixo tudo o que fez no início do ano e foi obrigada a montar um novo planejamento.
Sem contar o amadorismo no processo de mudança de treinador. Mauricio Barbieri foi tardiamente demitido, pois há meses já fazia um péssimo trabalho. E na sequência o clube passou por um hiato de quase um mês sem treinador. Um completo absurdo.
Por essas e outras que a demissão de Paulo Bracks é o pontapé inicial da reformulação do Vasco para 2024. As negociações caminham para um certo com Alexandre Mattos, que tem no currículo elencos campeões como o Cruzeiro (2013 e 2014), o Palmeiras (2016 e 2018) e ainda o Athletico-PR finalista da Libertadores 2022. O Vasco precisa virar a chave de sua mentalidade. Não há mais motivos para se contentar com pouco.
Seja Alexandre Mattos ou outro gestor de futebol que assumir o cargo, este profissional não chegará em terra arrasada. O ponto de partida do Gigante da Colina será muito melhor do que foi neste ano. Tem um bom técnico, tem uma espinha dorsal que deve ser mantida. Precisa do ajuste fino: dispensar e contratar com inteligência para montar um time forte e que entre para buscar objetivos compatíveis com a grandeza do clube.
Em 2023, mesmo com o aporte financeiro da SAF, o Vasco chegou a estar no fundo do poço. Mas Don Ramón foi a luz no fim do túnel, salvou o time do pior e apontou que existe um futuro que pode ser mais esperançoso. Basta agora dar continuidade a um trabalho que tem enorme potencial para crescer em 2024. O Vasco pode mais.
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