Ainda estamos no primeiro mês do ano e alguns automóveis zero quilômetro já sofreram aumento de preço. Exemplos disso são o Fiat Pulse e o Volkswagen T-Cross. O SUV compacto da montadora italiana sofreu reajuste nos primeiros dias do ano de até R$ 4 mil, dependendo da versão. Já o VW na versão Highline, que é a topo de linha, teve aumento de R$ 2.300, passando a ser vendido pela “bagatela” de R$ 155.490.
As montadoras alegam maior custo em relação à logística e continuam afirmando que a crise na importação dos semicondutores influencia diretamente nessa alta.
Porém, em que consiste o preço dos carros no Brasil? No que esse aumento desgovernado por parte das montadoras pode ocasionar no mercado automotivo a curto e médio prazo?
É sobre isso que quero falar para você nesta e na minha próxima coluna.
Na coluna de hoje vou destrinchar como é feita a composição de preços dos carros, mostrando quais são os impostos que pagamos ao comprar um veículo zero quilômetro.
É importante pontuar quais são os impostos que impactam diretamente no preço dos carros no Brasil. Abaixo segue uma relação explicativa sobre cada imposto.
ICMS
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) varia de Estado para Estado. Como estamos no Espírito Santo, o foco desta coluna será abordar valores referentes a este Estado.
Aqui, o ICMS é de 17%, ou seja, é o imposto de maior impacto no preço dos carros. Por outro lado, é geralmente essa receita que os Estados usam para investir em serviços como educação, saúde e segurança.
IPI
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um imposto federal, sendo assim, a regra de arrecadação é a mesma para todos os estados e sua alíquota varia de acordo com a potência do carro e se o mesmo foi produzido no Brasil ou se é importado.
Veículos com motor de mil cilindradas (1.0) têm esse imposto no percentual de 7%. Já os veículos 2.0 chegam a 11%. Lembrando que esse percentual é para veículos flex. Modelos com motor 1.0 a 2.0 movidos somente a gasolina pagam 13% desse imposto. Para automóveis de maior potência, o percentual varia de 18% a 25%. Veículos importados têm IPI de 30%, isso sem contar o imposto de importação.
COFINS
A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) é um seguro nacional, sendo assim, tem 7,6% em cima do preço final do carro e esse percentual é o mesmo para todos os Estados. A destinação desse imposto é para financiar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que paga aposentadorias, pensões e seguros-desemprego.
PIS
O Programa de Integração Social (PIS) é mais um imposto federal e desta vez serve para o pagamento de abonos a trabalhadores que ganham salário mínimo, este é o imposto com menor percentual, de 1,65%.
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IPVA E LICENCIAMENTO
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é pago anualmente. No Espírito Santo, o percentual é de 2% em cima do preço do carro, porém, esse valor varia de Estado para Estado.
Juntamente com o IPVA temos o licenciamento que também é um imposto anual e que tem valor fixado. No ano de 2022 esse valor está em R$ 193,68.
Esses são os impostos que estão embutidos no preço de um carro zero km.
Mas qual seria o preço do carro caso existisse a isenção desses impostos?
É difícil calcular com exatidão o valor que um carro seria vendido sem os impostos. Porém, uma breve projeção é de que no caso de um veículo Flex com menos de 2 mil cilindradas o total de percentual de impostos fica em torno de 28% do valor do carro.
Usando como exemplo o VW T-Cross que citei acima, que hoje é vendido por R$ 155.490, podemos ter uma estimativa de que se caso houvesse isenção dos impostos, esse veículo seria vendido por algo em torno de R$ 111.952,80. Ou seja, só de tributação, o brasileiro paga mais de R$ 43.500 para adquirir esse veículo.
ALTA CARGA TRIBUTÁRIA
Uma coisa é certa, todos sabemos que a carga tributária no Brasil é alta, principalmente quando se compara a média salarial da população, mas é inegável que há um exagero em relação aos impostos sobre os automóveis, principalmente quando comparamos com outros países, como os EUA, onde existe grande consumo de automóveis. Lá, a carga tributária gira em torno de 6,1% sobre o preço dos carros.
É difícil acreditar, mas infelizmente, é essa a realidade. No entanto, a minha explicação aqui não é tratar os impostos como os grandes vilões dos preços dos carros e sim mostrar como são um peso a mais e que poderíamos discutir outras alternativas de tirar esse peso das costas do comprador do carro zero, mas que fique satisfatório para o governo.
Porque também temos que levar em consideração que, além dos impostos, existe a margem de lucro das montadoras. E isso também influencia diretamente nessa composição de preço. E é sobre esse assunto que irei falar em minha coluna da próxima semana e de como essa alta dos preços pode impactar no mercado automotivo em geral.
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