Correção
7 de julho de 2021 às 11:52
Inicialmente, o autor escreveu que o houve lares que receberam R$ 8.400 de auxílio emergencial por mês. O correto é: houve lares que receberam R$ 8.400 de auxílio emergencial em 2020. O texto foi corrigido.
O auxílio emergencial teve um papel importante em 2020. Evitou o caos social. Preservou a sobrevivência de muitas famílias. Ainda assim, é preciso esclarecer que gerou distorções em alguns segmentos da economia que não estavam preparados para um aumento repentino de demanda.
Entendo que o assunto é polêmico e eu não desejo ser mal interpretado, mas é essencial compreender a indústria de materiais de construção e os seus impactos no setor da construção civil.
No ano passado, quando eclodiu a pandemia de Covid-19, houve um lockdown global e a atividade econômica ficou paralisada em praticamente todos os países.
Para proteger a população brasileira mais carente, em especial os trabalhadores informais que perderam seus empregos, o governo federal criou o auxílio emergencial, que foi pago a 68 milhões de brasileiros. A ideia era que todos pudessem sobreviver à crise.
Foram cinco parcelas de R$ 600 e mais quatro parcelas de R$ 300 entre abril e dezembro de 2020, num total de R$ 4.200 por pessoa.
A regra permitia que até duas pessoas da mesma família pudessem receber o auxílio. Com isso, houve lares que receberam R$ 8.400 em 2020. Algo, até então, muito distante da realidade financeira das famílias.
A região Nordeste, devido à carência social, foi a que mais sentiu os estímulos do auxílio emergencial. Inúmeras comunidades carentes receberam um montante expressivo de recursos. Recursos, por vezes, superiores aos valores necessários para viabilizar os itens básicos: alimentação, água, luz e gás.
Este fator acabou inundando o comércio local de dinheiro. Os preços de diversos itens subiram, desde alimentos até celulares. Mas foi a indústria de materiais de construção que concentrou o maior “boom”. Milhares de beneficiários do auxílio emergencial aproveitaram a oportunidade para reformar ou ampliar suas residências.
Aqui está o ponto que merece entendimento e onde não quero ser mal interpretado.
A oportunidade de melhoria das condições de moradia é excelente! Mas externou um problema na calibração do auxílio. Seja no montante distribuído. Seja na quantidade de pessoas que receberam o dinheiro. Houve um desequilíbrio.
Sem que a indústria estivesse preparada para ampliar sua produção, os preços de diversos itens como tijolo e cimento tiveram forte aumento. A explosão da demanda por materiais de construção teve como consequência um grande impacto no mercado nacional.
A variação de preços foi devidamente captada pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Nos últimos 12 meses, o INCC acumula alta de 16,88%, o dobro da inflação oficial medida pelo IPCA.
Dentro do INCC, o subgrupo materiais e equipamentos registrou inflação de 33,73% no mesmo período. Alguns exemplos de reajustes: materiais para instalação elétrica (51,27%), materiais para instalação hidráulica (41,30%), esquadrias e ferragens (29,11%) e revestimentos, louças e pisos (16,12%).
O auxílio emergencial é o que explica esses índices. A construção civil passou a conviver com uma forte elevação nos custos, o que afetou, por exemplo, os lançamentos no setor imobiliário.
A boa notícia é que a inflação da construção civil deve arrefecer nos próximos meses. Isso porque o auxílio emergencial deste ano, que começou a ser pago em abril e irá até outubro, tem parcelas menores (entre R$ 150 e R$ 375) e abrange uma parcela menor da população (39,1 milhões).
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Adicionalmente, a indústria de materiais de construção vem ampliando sua produção para atender à demanda aquecida. Aos poucos, a oferta e a procura vão reencontrar o seu ponto de equilíbrio, e o setor imobiliário retomará os seus lançamentos. Fiquem atentos!
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