Em agosto de 2019, quando a Caixa Econômica Federal (CEF) lançou a primeira linha de financiamento habitacional atrelada à inflação oficial (IPCA), houve euforia no mercado imobiliário. Afinal, surgia a modalidade de crédito mais barata da história para imóveis residenciais.
A taxa mínima era de IPCA + 2,95% ao ano. Naquele instante, a inflação acumulada em 12 meses era de 3,22%, o que resultaria numa taxa final de 6,17% ao ano (3,22% + 2,95%), bem inferior aos 8,5% + Taxa Referencial (TR) da tradicional modalidade prefixada oferecida pelo banco. Vale lembrar que a TR está zerada desde setembro de 2017.
Na ponta do lápis, o valor inicial de uma prestação imobiliária caiu entre 30% e 50% na comparação entre a linha de crédito com IPCA e a linha tradicional. Uma tentação!
O ponto de atenção é que, ao optar pela novidade, o consumidor carrega o risco inflacionário durante todo o contrato, que pode chegar até 30 anos. Como no Brasil o risco inflacionário é uma constante, isso se transforma num problema!
Especialmente, para aqueles que não viveram a hiperinflação na década de 1980. E também para aqueles que não acompanham os indicadores econômicos. Pois, apesar da melhora a partir de 1994, com o Plano Real, recentemente, em 2015, o IPCA superou 10% ao ano.
Neste contexto, vale sinalizar também que a pandemia da Covid-19 só piorou o risco inflacionário. Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 6,76%, o que resulta num reajuste de 9,71% ao ano (6,76+ 2,95%) nas parcelas.
Por exemplo, um contrato firmado em agosto de 2019 já está em desvantagem em relação à linha tradicional. Menos de 2 anos da data do lançamento da modalidade de crédito já é possível constatar o impacto financeiro e o risco iminente de prejuízo.
A modalidade só seria a alternativa recomendada para o consumidor se a opção tradicional prefixada fosse muito mais cara. Mas não é o caso agora, especialmente quando a própria Caixa oferece linhas tradicionais a partir de 6,25% + TR.
Mesmo que a inflação volte a ficar menor nos próximos anos, a recomendação é não cair na tentação. Definitivamente, uma parcela mais barata no curto prazo não compensa o risco inflacionário do Brasil.
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Entender este cenário e direcionar o consumidor é o papel do corretor imobiliário. É por isso que só acredito em vendas, quando o objetivo é ajudar as pessoas. Garantir a melhor experiência antes, durante e depois da compra precisa ser a missão do vendedor.
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