“Viver é envelhecer, nada mais!”. (Simone de Beauvoir)
Algumas teorias indicam que começamos a envelhecer a partir da segunda década de vida; outras que é assim que nascemos. Mas, geralmente é por volta dos 30 anos que o processo de envelhecimento começa a se acentuar e deixar as suas marcas.
Em seguida, os famosos “enta” então se apresentam. E com eles, os primeiros fios brancos, as noites perdidas que não se recuperam mais (não tão fácil como antes), os check-up anuais, a descoberta de uma hipercolesterolemia (cuidado com as frituras), um medicamento de uso contínuo (todo dia às 21 horas), as pequenas lesões musculares (será que vai precisar de fisioterapia?), os quilos que chegam e que teimam em não nos abandonar, o braço que estica (para ler as linhas miúdas). São histórias pra contar.
E com isso, a gente pode afirmar o seguinte: o envelhecimento, diferente do que muita gente ainda acredita, não acontece apenas depois dos 60 anos.
Trabalhos, boletos, projetos, sonhos, estudos, família, exercício, dieta, mudanças, o fim de semana, o fim do ano, o ano novo. Sonhos, trabalhos, projetos... afinal, pra que falar sobre envelhecimento agora?
Mas, talvez por este motivo, por falta de tempo (ou de vontade), pelo fato de ainda se querer crer que envelhecer é pra quem se tornou idoso, quando vamos falar sobre esse tema, geralmente, o que encontramos costuma colocar envelhecimento e velhice como se fossem sinônimos.
Considerando que nós estamos vivendo muito (cada vez mais) a distinção entre envelhecimento e velhice pode ser vital para as próximas décadas.
Dentre algumas definições, as mais correntes destacam que o envelhecimento é considerado um fenômeno universal, marcado por alterações tanto biológicas, quanto psicológicas e também sociais e que estão associadas aos anos vividos. A velocidade e o tempo do processo de envelhecimento terão seu ritmo retardado ou acelerado a depender de fatores ambientais, genéticos, hábitos, costumes, classe social, cultura, entre outros.
A velhice, por sua vez, é entendida como o resultado, o produto do processo de envelhecimento, sendo esta a última fase do ciclo de vida (ao menos por enquanto).
Portanto, (e agora se torna óbvio!) para chegarmos a velhice, precisamos, necessariamente, envelhecer. O processo de envelhecimento já nos acompanha desde sempre. E a fase (velhice), por sua vez, terá seu início marcado pela idade. E isso pode variar.
Legalmente falando, no Brasil é considerado idoso todo aquele que conta com 60 anos ou mais. Porque somos uma nação em desenvolvimento. Nos países considerados desenvolvidos, é a partir dos 65 anos que uma pessoa é reconhecida como idosa.
Dito isso, entendendo que “tornar-se idoso” é o debutar da velhice, a chegada dessa fase, em termos legais, é diferente para cada nação. Mas é também diferente para cada pessoa.
Nesse contexto a idade cronológica poderia ser entendida apenas como um número que, de maneira didática, demarcaria as fases da vida (os anos vividos!).
O panorama atual tem nos mostrado que a idade cronológica já não é tão taxativa assim para a definição das fases de nossas vidas, principalmente porque estamos vivendo de formas muito diferentes daquelas em que os nossos avós e bisavós envelheceram. O que nos leva ao entendimento de que não existe um caminho único para se envelhecer e chegar à velhice. Assim como não existe uma única velhice, e sim velhices!
Com isso, uma certeza aqui se apresenta: a sua velhice é construída ao longo do seu envelhecimento, onde o tempo (cronológico!) pode ser seu aliado, ou seu adversário!
Nessa história, muito embora eu esteja convicto de que a vida é, e se dê com, e apesar do processo que é envelhecer - e portanto seja muito mais do que só envelhecer - devo concordar com Simone de Beauvoir: “Viver é envelhecer”. E já estamos no processo!
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