Uma ditadura como a iniciada no Brasil em 1964 é a melhor forma de governo para àqueles que têm algo a esconder. Imagina controlar a imprensa e o Judiciário, calar o Legislativo e submeter toda sociedade aos seus desígnios? Por isso, os recentes ataques direcionados à democracia brasileira não surpreendem.
A democracia incomoda certos setores porque cumpre o papel de conter proposições que ferem a Constituição Federal. Os que discordam de determinada norma podem apresentar sugestões e utilizar os mecanismos previstos para aperfeiçoá-la, o que não se pode admitir é a hipótese de substituição por uma legislação autoritária.
Ditadura causa cerceamento de direitos políticos e individuais. É necessário, portanto, repudiar opiniões favoráveis ao retorno de tempos tão sombrios e relembrar que a sociedade espírito-santense sofreu com a violência promovida pelo Estado brasileiro durante os anos de chumbo.
Alguns capixabas, inclusive, estão entre os mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar, conforme lista divulgada pela Comissão Nacional da Verdade, em 2014. São eles: o sociólogo e professor Lincoln Bicalho Roque, de São José do Calçado; o estudante João Gualberto Calatrone e o ferreiro Marcos José de Lima, nascidos em Nova Venécia; o estudante Arildo Valadão, de Muniz Freire, além do jornalista e advogado Orlando da Silva Rosa Bomfim Junior e o estudante José Maurílio Patrício, ambos naturais de Santa Teresa.
Caso haja dúvida ou desconhecimento em relação ao assunto, vale consultar os milhares de livros e artigos publicados por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Há ainda confissões de ex-agentes da ditadura que assumiram os crimes praticados e documentos produzidos pelos próprios militares, muitos deles disponíveis em bibliotecas públicas, na internet ou em instituições como o Arquivo Público do Espírito Santo e Arquivo Nacional.
Outras duas pesquisas fundamentais sobre o tema também estão on-line: os relatórios da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão da Verdade da Universidade Federal do Espírito Santo, este focado no contexto regional.
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O Brasil não precisa regressar ao período marcado por perseguições políticas e censura, de universidades sufocadas e sociedade implacavelmente vigiada. Antes de partidos ou líderes políticos de qualquer espectro ideológico, defenda primeiro a democracia, pois é ela que proporcionará meios para a construção de um país desenvolvido, justo e civilizado.
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