Em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu 193 Estados-membros em Nova York (EUA) para traçar diretrizes e metas em prol do desenvolvimento sustentável. Estava criada, então, a Agenda 2030, um ambicioso plano de ação para promover a qualidade de vida com dignidade para todos os habitantes do planeta.
O documento foi estabelecido a partir de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – mais conhecidos como ODS – que possuem metas a serem atingidas não somente por governos, mas, também, por empresas, instituições e sociedade civil.
Entre os ODS que têm relação direta com a construção sustentável, podemos citar: água e saneamento para todos (ODS 6); energia acessível e limpa (ODS 7); indústria, inovação e infraestrutura (ODS 9); cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11); e consumo e produção responsáveis (ODS 12).
Considerando a capacidade de transformação e os impactos imediatos e de longo prazo no meio ambiente e na sociedade, o tema sustentabilidade deve ser uma prioridade nas discussões e ações relacionadas à construção civil.
Como a sustentabilidade se manifesta na construção civil?
Para responder estas questões, elencamos 7 exemplos práticos de como ações sustentáveis são ou podem ser implementadas nos empreendimentos:
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01
Gestão da água
Mesmo que já amplamente empregada pelas construtoras, a utilização racional da água garante menor custo de operação e reduz o volume de esgoto gerado. Isso pode ser obtido com técnicas simples de captação pluvial e tratamento das chamadas águas cinzas.
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02
Energia limpa
Reduzir a energia nas operações da cadeia produtiva é fundamental para a sustentabilidade na construção civil, uma vez que o desempenho energético de um empreendimento tem reflexo direto na emissão de gases de efeito estufa. Implementar fontes de energia renováveis (solar ou eólica), elaborar projetos que privilegiem a iluminação natural e sistemas de aquecimento eficiente minimizam a poluição do ar, da água e do solo.
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03
Tratamento de resíduos
Não permitir que um material seja rejeitado como lixo quando pode ser reaproveitado com outras finalidades. O conceito dos “3Rs”- reduzir, reusar e reciclar - é crucial para a gestão adequada dos resíduos gerados numa obra.
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04
Materiais sustentáveis
Escolher os materiais usados no processo construtivo levando em conta todo o seu ciclo, desde a extração, passando pelo processamento, transporte, utilização, até o descarte. Além disso, a escolha por fornecedores próximos movimenta a economia local e reduz os impactos com transporte.
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05
Métodos construtivos industrializados
A inovação nos métodos construtivos possibilita avanços significativos na eliminação do desperdício. Em alguns casos, a possibilidade de desmontagem e remontagem futura também contribui para reduzir a geração de novos resíduos. Outro exemplo, são os sistemas de construção rápidas, onde grande parte da mão de obra do canteiro é transferida para o ambiente de fábrica, tornando o ambiente de trabalho mais limpo, seguro e organizado.
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06
Emissão de gases
Aço, cal e cimento são algumas das matérias-primas essenciais na construção e são, também, alguns dos materiais que mais emitem gases de efeito estufa na cadeia produtiva da construção. Na impossibilidade de eliminá-los, buscar formas de atenuar o impacto ambiental durante sua produção é um grande desafio e alguns exemplos começam a ganhar forma. A Votorantim Cimentos, por exemplo, utiliza o caroço e a semente do açaí em substituição aos combustíveis fósseis tradicionais.
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07
Paisagismo sustentável
Iniciativas de sustentabilidade não se restringem aos métodos produtivos e abraçam todas as etapas do projeto arquitetônico, incluindo o paisagismo. Priorizar espécies pertencentes ao ecossistema local permite um menor volume de irrigação e manutenção com fertilizantes químicos e pesticidas. Isto preserva a biodiversidade e o equilíbrio ecológico, evitando ações como a erosão e a sedimentação do solo.
Embora haja uma crescente atuação do poder público nas exigências ambientais relacionadas aos empreendimentos, é a cobrança cada vez maior da sociedade com as questões sócio-ambientais que vem fomentando uma nova postura das empresas, indo além das imposições legais e gerando valor através de empreendimentos sustentáveis.
Para tanto, estas empresas têm buscado a adoção de certificações que qualifiquem seus produtos e processos como sustentáveis. As principais certificações internacionais são:
Green Globes:
Certificação dada pelo Green Building Initiative (GBI) a prédios que ofereçam os mais altos padrões de sustentabilidade.
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design):
Similar ao Green Globes, o LEED é a certificação de sustentabilidade mais usada no mundo.
Aqua/HQE:
Iniciativa da fundação Vanzolini, a certificação foi aplicada no Brasil depois de ser adaptada do selo francês Démarche HQE (Haute Qualité Environmentale).
Procel Edifica:
Selo da Procel, que existe desde 2003, para construções que usam melhor os recursos naturais para reduzir o consumo de energia nas edificações.
BREEAM:
O BREEAM fez muito sucesso na Europa desde 1992, antes de chegar no Brasil em 2011. O nível de exigência é bem alto, o que colabora para a enorme credibilidade da certificação.
Além de contribuir para o meio ambiente, apostar em um empreendimento sustentável pode ser um ótimo negócio.
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