Na última semana foi divulgada a edição 2022 do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), estudo criado pela Endeavor e produzido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enad). O levantamento propõe-se a ser o principal raio-x do ambiente de negócios brasileiro, revelando para os gestores públicos quais aspectos precisam ser valorizados para o fomento da atividade empreendedora, atuando como norteador para o avanço do setor produtivo na implantação ou expansão dos seus negócios e, por fim, alimentando a todos nós, cidadãos, com informações que nos ajudem a cobrar das autoridades competentes as mudanças que desejamos para o bom ambiente de negócios e seus desdobramentos na vida dos seus moradores.
Dos 101 municípios mais populosos analisados, Vitória manteve o posto de quarta melhor cidade para empreender, mesmo resultado da edição anterior, atrás de São Paulo, Florianópolis e Curitiba e à frente de Belo Horizonte e Porto Alegre. O Rio de Janeiro não se encontra entre as Top 10.
Por que é importante se posicionar e ser reconhecida como uma Cidade Empreendedora? O presidente da Enap, Diogo Costa, aponta que o empreendedorismo é o motor da produtividade e do crescimento econômico do País: “toda a transformação digital, ambiental e social que precisamos enfrentar começa com uma transformação empreendedora”.
Cidades com um bom ambiente de negócios atraem investimentos, retém e atraem mão-de-obra qualificada, geram emprego, renda, oportunidades e desenvolvimento. A verdade é que é bom viver em uma cidade com espírito empreendedor!
O Índice de Cidades Empreendedoras analisa sete fatores determinantes na definição do seu ranking. São eles: Ambiente Regulatório, Infraestrutura, Mercado, Acesso ao Capital, Inovação, Capital Humano e Cultura Empreendedora.
CLASSIFICAÇÃO GERAL - ÍNDICE DE CIDADES EMPREENDEDORAS (ICE)
Fonte: Escola Nacional de Administração Pública (enap.gov.br)
A quarta posição de Vitória no ranking nos deixa orgulhosos, mas um olhar mais apurado mostra o tamanho do desafio que temos pela frente. Se nos saímos bem em quesitos como Capital Humano (2º), Acesso ao Capital (7º) e Inovação (8º); deixamos a desejar em Ambiente Regulatório (41º ) e Cultura Empreendedora (55º) e nos saímos realmente mal em Infraestrutura (89º). São para estes últimos que gostaríamos de chamar a atenção a seguir.
AMBIENTE REGULATÓRIO
A burocracia do ambiente regulatório manifesta-se durante todo o ciclo de vida das organizações, afetando tanto grandes como micro-empresas. Processos burocráticos complexos e nível da carga tributária aplicada sobre a empresa correspondem a uma parte considerável de seus custos de operação.
A presença de um ambiente regulatório simples, transparente e menos oneroso gera um aumento no número de novas empresas, contribui para uma maior produtividade e ajuda na redução da corrupção. É louvável o esforço da Prefeitura de Vitória (e de outras do ES) na busca por mais agilidade, mas os avanços ainda são lentos e muito aquém do necessário para atender as demandas do mundo veloz em que vivemos. Enquanto isto, perdemos negócios e oportunidades.
INFRAESTRUTURA
A infraestrutura pública dos municípios é um dos principais fatores que determina as decisões empresariais e o sucesso de uma iniciativa empreendedora. Para avaliar este quesito, a pesquisa leva em conta dois aspectos: conectividade e condições urbanas. É a capacidade de se conectar física (malhas viárias, escoamento da produção e o acesso a insumos) e digitalmente (tecnologia, acesso à informação e à internet rápida) que abre portas para os mercados e alcança consumidores em todas as partes do mundo.
Já por condições urbanas, são considerados o preço médio do metro quadrado dos imóveis, o custo da energia elétrica e as taxas de homicídio. A correlação entre estes fatores influencia o custo de produção e o preço final dos produtos e serviços, logo, a viabilidade de um negócio.
CULTURA EMPREENDEDORA
A cultura de uma sociedade segue uma dinâmica processual, histórica e de aprendizagem, ou seja, é transmitida ao longo do tempo por meio das interações entre grupos e indivíduos e engloba aspectos sociais, educacionais, econômicos, financeiros e de consumo. Embora Vitória tenha alcançado uma melhor colocação, saindo da 97ª posição em 2020 para a 58ª posição em 2021, esta ainda está longe de ser uma posição aceitável. É na cultura empreendedora, também, que a interação entre as iniciativas do poder público e do setor privado podem encontrar maior sinergia.
Juntamente com o Capital Humano (relacionado à educação e qualificação profissional) no qual Vitória atinge sua melhor colocação, 2º lugar, a Cultura Empreendedora também cumpre outro importante papel. Elas são “game changers”, ou seja, ambas tem a capacidade de gerar mudanças duradouras e são a cola que une os demais fatores do ranking.
Para isto, tanto o Capital Humano quanto a Cultura Empreendedora devem ser consideradas um valor para a sociedade e, como tal, precisam ser cultivadas e cuidadas. Embora com papeis diferentes, esta responsabilidade cabe a todos nós, empreendedores ou não, que vivemos nas cidades e somos afetados pelas decisões dos nossos governantes.
Um ótimo início de outono para você, querida leitora e caro leitor.
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