A chegada dos modelos chineses parece estar movimentando toda a cadeia produtiva, principalmente após o lançamento do BYD Dolphin, que em menos de um mês já tem promessa de vendas para 3 mil unidades. O modelo é hoje o carro elétrico mais vendido do Brasil, com preço partindo de menos de R$ 150 mil, o que já é um valor competitivo face aos seus concorrentes, mas também em relação a outros modelos a combustão na mesma faixa de preço. E até mais caros.
Com a vantagem de não se precisar ir ao posto de gasolina (mas enfrentar o “perrengue chique” de encontrar uma tomada para abastecê-lo, o que já é outra conversa), esse tipo de atratividade, mais a tecnologia embarcada, tem feito com que grandes e tradicionais empresas comecem a se movimentar de forma mais incisiva com a descarbonização no Brasil.
Um exemplo é a Stellantis, conglomerado de montadoras que detém a maioria dos modelos mais vendidos no país em suas categorias, como a Fiat e a Jeep. A empresa anunciou, esta semana, a tecnologia Bio-Hybrid, que combina a energia térmica flex (combustão) com eletrificação. Segundo a montadora, serão três plataformas diferentes a utilizar essa tecnologia (Bio-Hybrid, Bio-Hybrid e-DCT e Bio-Hybrid Plug-in) além de uma 100% elétrica (BEV), que serão empregadas em suas marcas e modelos.
Com a tecnologia em desenvolvimento desde o ano passado, a Stellantis tem visto o etanol como aliado na redução de emissão de gases poluentes para seus modelos híbridos. Segundo a empresa, a utilização do modelo híbrido é uma rota de transição “necessária para tornar a mobilidade sustentável e, ao mesmo tempo, acessível, já que os veículos elétricos, apesar de eficientes no processo de descarbonização, ainda possuem um custo elevado”.
“Não se trata, portanto, de contrapor descarbonização e eletrificação. A descarbonização é o resultado desejado e necessário da reinvenção da mobilidade já em curso, enquanto a eletrificação é um dos caminhos para se alcançar a descarbonização da propulsão. O uso do etanol combinado com eletrificação é o caminho mais rápido e viável do ponto de vista social, econômico e ambiental para uma crescente eletrificação da frota brasileira”, afirma João Irineu, VP de assuntos regulatórios da Stellantis para América do Sul.
VOLKSWAGEN VEM “CHEGANDO COM TUDO”
E por falar em eletrificação, outra montadora forte aqui no Brasil, a Volkswagen, já acendendo a luz laranja com relação à chegada dos chineses elétricos mais baratos, também tem investido cada vez mais nesse segmento. Prova disso é que a marca adquiriu, recentemente, 5% de uma fabricante chinesa de veículos elétricos.
Saindo da eletrificação e indo para o pódio dos mais vendidos no Brasil, a montadora registra números significativos, a começar pelo Polo, que atingiu o posto de veículo mais vendido no país pelo terceiro mês consecutivo e bateu recorde de vendas para um único mês neste ano: foram 16.471 unidades emplacadas em julho.
Além disso, a empresa está na vice-liderança do mercado, com 15,6% de participação no acumulado do ano, e lidera o segmento de SUVs no país, com 75.653 unidades comercializadas neste ano de seus modelos, sendo o T‑Cross é o SUV mais vendido, com 40.590 unidades emplacadas em 2023, sendo 8.554 em julho.
SCANIA FAZ DEMONSTRAÇÃO DE ÔNIBUS A GÁS
Ainda na corrida da descarbonização, a Scania e a Compagas iniciaram uma demonstração com um ônibus 100% movido a gás natural, que passa a integrar o transporte coletivo no município de Ponta Grossa (PR) pelos próximos 30 dias.
O modelo fabricado pela Scania é um padron K 280, com 14 metros de comprimento e capacidade para 86 passageiros. O ônibus é equipado com elevador para acessibilidade e espaço interno para cadeirantes. O modelo K 280 4x2 tem propulsor de 280 cavalos de potência. Seu motor é Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) e movido 100% a gás e biometano, ou mistura de ambos.
Segundo a montadora, o modelo não é convertido do diesel para o gás, tem garantia de fábrica, força semelhante ao similar a diesel e é mais silencioso. Para o ônibus em teste, foram instalados oito cilindros de gás na lateral dianteira com uma autonomia de 300 km.
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