Há pouco mais de uma semana, alguns jornais repercutiram declarações de cientistas europeus, e também de brasileiros da UFRJ, com preocupações sobre uma nova variante da Covid, a Éris. O que sabemos é que, embora seja mais contagiosa, não há nenhum sinal de gravidade da doença nas pessoas vacinadas, sem motivo até o momento para alarme.
Na verdade, após o tsunami causado nas nossas vidas pela pandemia, o que vem merecendo atenção da ciência são as consequências que muitas pessoas ainda sofrem após terem contraído Covid, a chamada Covid longa.
Em dezembro de 2020, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a expressiva soma de 1,15 bilhão de dólares para que o NIH (o poderoso Instituto Nacional de Saúde) desenvolvesse projetos para avaliação de diagnostico e tratamento da Covid longa. Com a participação do professor Reynaldo Dietze, submetemos projeto para tentar recursos para desenvolver pesquisa aqui, na Santa Casa/Emescam, mas perdemos para pesquisadores de universidades norte-americanas, com recursos e estruturas mais sólidas.
Existem hoje quatro grandes linhas de pesquisa. A primeira chama-se Recover-Vital, com foco na pesquisa e tratamento de persistência viral, que testa tratamento mais prolongado com antivirais. A segunda, Recover-Neuro, foca o estudo de persistência de problemas de memória, confusão mental e déficit de atenção após a doença.
Um protocolo está sendo desenvolvido no Mount Sinai Health System em Nova York. Uma terceira linha chama-se Recover-Sleep, com foco em problemas de sono persistentes no pós-Covid. Várias terapias, como melatonina, terapia com luminosidade e terapias cognitivas, entre outras, vêm sendo testadas. Por último, Recover-Autonomic investiga alterações do sistema nervoso autônomo no pós-Covid, como síncope, arritmias, fraqueza e tonteiras.
Embora toda essa enorme quantidade de dinheiro e muitos grupos em pesquisa, é possível que respostas não sejam encontradas em prazo menor que dois anos. Ainda não existe consenso sobre os mecanismos pelos quais surgem esses sintomas e mesmo do percentual de pessoas envolvidas. Enfim, há luz no fim do túnel, mas não sabemos o tamanho do túnel. A boa notícia é que o pico de Covid longa ocorreu com a variante delta e está se reduzindo desde então.
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