Doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes e professor da Emescam. Neste espaço, faz reflexões sobre saúde e qualidade de vida

Demências: conheça os 12 fatores de risco modificáveis

Esses fatores podem contribuir na prevenção de 40-50% das demências

Publicado em 01/08/2024 às 02h00

Já escrevemos neste espaço, semanas atrás, sobre os riscos da Covid-19 de causar perda cognitiva. O alerta é de um prestigiado grupe de neurologistas britânicos que estudam demência e constituem a chamada "The Lancet Comission on Dementia Prevention". Esse grupo é famoso por ter sistematizado quais fatores são importantes na prevenção de demência.

Em artigo publicado na mesma importante revista científica, eles alertam que cerca de 50 milhões de pessoas vivem com demência hoje no mundo, número projetado para aumentar para 152 milhões em 2050. O custo estimado global hoje é de 1 trilhão de dólares anuais, o que só deverá aumentar com estas projeções.

Como cuidar é mais caro, além de mais sofrido para os pacientes e seus familiares, esse grupo de médicos foca os fatores preveníveis de demência, que se trabalhados poderiam evitar 40% dessas ou ate mais, dependendo do país ou região. Na América Latina esses fatores poderiam ter um peso de até 56% na prevenção.

Os fatores de risco modificáveis existem em fases diferentes da vida humana. No início da vida o principal é educação, com um peso de 7%. Maior nível educacional implica em maior reserva cognitiva e é estabelecida principalmente nos primeiros 20 anos de vida. Na meia idade, o fator modificável mais importante é manutenção da audição, com estimados 8% de ação protetora. Embora essa correlação ainda tenha pontos a serem esclarecidos, o mais provável é que a perda de audição contribua para a demência por redução dos estímulos cognitivos. Esse risco é anulado com o uso adequado e precoce de aparelhos de surdez.

O segundo fator importante na meia idade é representado pelos traumas de crânio, com peso de 3%. Um exemplo são os boxeadores como nosso Eder Jofre, ou os jogadores de futebol americano, com incidência elevada de demência. Depois tem destaque a hipertensão arterial, o uso abusivo de álcool (mais de 21 unidades por semana) e a obesidade com IMC maior de 30.

Em seguida vem os fatores que classicamente tem peso maior nas fases mais tardias da vida, quando o envelhecimento está chegando. Aí tem destaque o tabagismo com peso de 5%. Logo a seguir a depressão (4%) e o isolamento social (4%) que não necessariamente andam juntas, mas podem se somar em alguns pacientes.

Demência
Demência. Crédito: Shutterstock

Enfim, o sedentarismo (2%), a poluição do ar (2%) e diabetes (1%), completam o painel dos 12 fatores de risco modificáveis que podem contribuir na prevenção de 40-50% das demências, conforme a região do globo analisada.

Não existem pilulas magicas de vitaminas ou suplementos que previnam a demência. Uma revisão sistemática feita pela Cochrane  mostra que esses suplementos não previnem perda cognitiva. A famosa dieta do Mediterrâneo mostrou-se eficaz apenas nas pessoas com doença cardiovascular, mostrando que seu efeito protetor na função cognitiva ocorreu pela redução de risco cardiovascular.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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