Em plenos meses de primavera, ainda distantes do verão, e já vivemos dias de intenso calor. O fenômeno El Niño, de aquecimento das águas do Pacífico, torna mais desconfortável nosso cotidiano. Os eventos extremos do clima já são parte de nossa rotina, infelizmente. A proximidade das chuvas, junto com o calor, traz também a preocupação de maior risco de dengue, cuja incidência já está em níveis bem elevados durante o ano de 2023.
Toda a região das Américas vive uma explosão de casos de dengue. Aliás, neste ano a dengue apareceu no sul da Europa, na Itália (Lombardia e Lazio), na França e na Espanha. Até em Roma foram registradas notificações da doença. Em nosso continente, até regiões áridas do Chile tiveram registro.
O Brasil em 2023 deve fechar mais um ano com recorde de casos, superando 2022, que já foi extremamente elevado em registros. Infelizmente, o nosso descaso crônico com o lixo nas cidades dificulta o controle do vetor. Os anos de pandemia propiciaram, por diversas razões, um pequeno intervalo em um problema que ressurge com força.
Os profissionais dos serviços de urgência e emergência precisam redobrar seus cuidados na prevenção da forma mais grave da doença, que pressupõe essencialmente uma hidratação vigorosa. Mais de 90 capixabas perderam a vida nesse ano por causa da dengue.
A saúde pública tem um enorme desafio pela frente no enfrentamento da dengue. Novas estratégias são necessárias. No último congresso da Sociedade Americana de Medicina Tropical em Chicago, em outubro passado, foi apresentada a experiência colombiana com mosquitos infectados por Wolbachia, uma bactéria que compete com o vírus da dengue, tornando difícil sua transmissão.
Os pesquisadores difundiram tais mosquitos nas cidades de Bello, Itangui e Medellin e verificaram queda da incidência de dengue superior a 90%. Essa estratégia não tem ainda a chancela da OMS, até pela dificuldade de mensurar impacto real do vetor na incidência de uma doença que tem outros fatores envolvidos, mas pode ser uma estratégia a mais.
Existe também uma vacina nova da Takeda, que mostrou eficácia e segurança, mas por enquanto apenas disponível em serviços privados de vacinação. É aplicada em duas doses com três meses de intervalo, podendo ser usada em quem nunca teve dengue antes, ao contrário da vacina disponível anteriormente. Serão necessários estudos de farmacoeconomia para avaliar sua utilização no SUS, com a identificação de quais seriam as faixas etárias de maior impacto na prevenção de hospitalização e de mortes.
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