A revista britânica The Lancet, um dos mais importantes periódicos médicos, tem publicando uma série de artigos com foco em diabetes, considerada uma doença definidora do século 21.
A diabetes é uma das principais causas de mortes e de perda de qualidade de vida, no mundo. Também é fator importante no desencadeamento de doença isquêmica cardíaca, já que a doença coronariana é mais frequente em diabéticos. Também é considerável fator de risco para acidente vascular cerebral.
A Organização Mundial de Saúde estima que existiam 529 milhões de pessoas diabéticas no mundo em 2021, um número que deve mais que dobrar para 1,31 bilhão de pessoas em 2050. É alarmante a explosão de casos de diabetes que vem em um crescendo contínuo. O aumento de diabetes é especialmente prevalente em pessoas com 65 anos ou mais, mas em alguns locais tem aumentado entre jovens adultos, chegando a 10% entre pessoas de 30 a 34 anos em dez países, todos da Oceania.
A explosão dos casos de diabetes é principalmente pelo tipo 2, que responde por mais de 90% de todos os casos. O diabetes tipo 2 relaciona-se à obesidade e ao sedentarismo. O mundo está ficando mais obeso. As sociedades médicas americanas também chamam a atenção da obesidade maior em grupos raciais como negros e ameríndios. Trata-se de uma tragédia anunciada também nas periferias das grandes cidades brasileiras.
Como estimular atividade física para pessoas que gastam horas no trânsito e moram em áreas de risco social e sem espaços adequados? Alimentação de qualidade também tem maior custo. Basta que se observem as gôndolas de supermercados nas regiões mais pobres, onde se destaca elevada oferta de alimentos mais baratos e mais calóricos, porém de duvidoso valor nutritivo. Educação alimentar ainda está fora da realidade de grande parte da população.
As Nações Unidas usam o tratamento de diabetes como um previsível indicador da qualidade dos sistemas de saúde de um país, estabelecendo metas de redução de morte prematura.
Enfim, a diabetes é de fato doença definidora do século 21, e os desafios que traz para as políticas públicas constituem uma boa pista de como cuidaremos da desigualdade e do acesso à saúde para as populações mais vulneráveis.
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