Iniciamos 2022 com substituição gradativa do surto de gripe pelo novo surto da variante Ômicron. Evidências preliminares sugerem que infecção prévia, ou mesmo duas doses de vacina, não protegem contra a Ômicron. É possível que ambas protejam em variado grau, de gravidade e morte, mas não sabemos em que níveis.
Tudo indica que a terceira dose mais recente, ou duas doses, para quem já teve Covid, deve trazer mais segurança para quem for enfrentá-la. Só a insensatez fanática defende imunidade de rebanho pela doença; só o desprezo pela vida, evidenciado pelo obsceno número de 620.000 mortes no Brasil até aqui, ou pelas inúmeras mortes por reinfecção no surto da variante gama em Manaus, para explicar a rejeição obtusa às vacinas.
O prestigiado Jama (Jornal da Associação Médica Americana) estimou, em edição de 6 de janeiro, em 90% a imunidade necessária para que a Ômicron cause uma mortalidade “aceitável”, no padrão das viroses respiratórias mais comuns. Para esse objetivo ser alcançado, precisamos desconstruir a desinformação espalhada nas redes sociais contra vacinas.
A primeira e mais frequente é que não adianta se vacinar, que as pessoas adoecem. Até uma meme que diz que as pessoas vão ganhar uma torradeira ao preencher uma cartelinha de dezena de vacinas contra Covid tem circulado... seria cômico se não fosse trágico, se não estivesse custando vidas humanas! Todas as estatísticas mostram que os não vacinados ou incompletamente vacinados dominam internações e mortes em todo o mundo.
A segunda é desmistificar o medo de vacinar crianças. Sim, as crianças não compõem os grupos de maior risco, mas também adoecem e morrem de Covid. As vacinas de mRNA são seguras e eficazes para as crianças. Mais de 10 milhões de doses foram aplicadas no mundo com raríssimas reações e nenhuma morte. Só neste ano mais de 300 crianças foram a óbito por Covid no Brasil. Isso sem contar os casos de síndrome inflamatória multissistêmica, muitos com miocardite, que acometeram 1434 crianças no Brasil nos dois anos de pandemia, com 86 óbitos. Esses são dados publicados no Boletim Epidemiológico 93 do Ministério da Saúde do Brasil, pré-apagão.
Este vídeo pode te interessar
Respeito a ansiedade e a insegurança dos pais com novas vacinas. Mas todos que têm acesso a esses fatos e divulgam notícias falsas para deixar as crianças expostas cometem ato criminoso, havendo vacinas disponíveis e seguras. É lamentável que até médicos se prestem a espalhar mentiras que circulam nas redes sociais, desonrando seu juramento.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.