Um estudo publicado em fevereiro passado na prestigiosa revista "New England Jornal of Medicine" por pesquisadores ingleses traz fundamento ao que muitos pacientes reclamam como esquecimento e dificuldade de executar tarefas mais complexas depois que tiveram Covid-19.
Os pesquisadores convidaram 800 mil britânicos adultos a utilizarem uma ferramenta online para testar desempenho cognitivo com oito domínios diferentes, entre os quais memória, raciocínio, funções executivas e memória espacial. As pessoas eram divididas em seis grupos diferentes, desde pessoas que não tiveram Covid, passando por aquelas com Covid assintomática e chegando ao outro extremo com aquelas hospitalizadas e com sintomas que duraram mais de 12 semanas.
Os resultados são surpreendentes. Pessoas com Covid leve tiveram em média queda de 3 pontos no QI comparados com pessoas que nunca tiveram Covid. As pessoas com Covid persistente além de 12 semanas tiveram queda média de 6 pontos no QI e aquelas admitidas na UTI tiveram queda média de 9 pontos.
As pessoas com reinfecção apresentavam ainda queda adicional de 2 pontos no QI. Testes de memória, raciocínio e outros de desempenho cognitivo foram sensíveis para detectar o baixo funcionamento cerebral pós-Covid, o que os autores chamam de “brain fog” ou névoa cerebral. Não foi estudado o tempo de duração dessas deficiências.
Diversas outras pesquisas procuram entender o que temos chamado de Covid longa ou pós Covid. Não apenas “cabeça esquecida”, mas síncopes (tendências a quedas), tosse mantida, cansaço, fadiga extrema para tarefas simples, maior facilidade em adquirir outras infecções, todas são queixas descritas. Algumas pessoas podem ter uma inflamação mantida ou persistência de partículas virais. Ainda não há uma conduta uniforme para esses achados.
Algumas boas notícias dos pesquisadores ingleses: A “névoa cerebral” foi muito mais comum na primeira onda da pandemia, com a chamada cepa Wuhan, e logo depois com a variante alfa. Embora possam ocorrer com a ómicron, essas queixas têm sido cada vez mais raras.
No momento em que vivemos uma nova onda de Covid entre nós, saber que as sequelas cognitivas estão bem mais raras é um alento. O estudo também demonstra proteção com a vacinação. Mas vacinas para Covid seguem sendo motivo de dúvida e desinformação entre nós.
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