Doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes e professor da Emescam. Neste espaço, faz reflexões sobre saúde e qualidade de vida

Por que a percepção da nossa velhice é adiada enquanto envelhecemos?

Voce já teve a sensação, caro leitor, que seu pai ou seu avô na sua idade eram mais velhos do que você? Ou que, à medida que os anos passam, sua noção de velhice vai sendo adiada?

Publicado em 15/08/2024 às 02h00

Voce já teve a sensação, caro leitor, que seu pai ou seu avô na sua idade eram mais velhos do que você? Ou que,  à medida que os anos passam, sua noção de velhice vai sendo adiada? Pois pesquisadores alemães publicaram um estudo muito interessante com o sugestivo título de “Adiando a velhice...”  na revista Psychology and Aging.

Uma grande pesquisa, de acompanhamento de mais de 14 mil alemães, na idade entre 40 a 85 anos, os quais responderam a um questionário sobre qual idade consideravam uma pessoa idosa. Essa investigação foi repetida 8 vezes em um período de 25 anos de acompanhamento.

Os achados dessa pesquisa são muito curiosos. Aos 64 anos, os alemães acompanhados afirmavam a percepção de que idosos seriam aqueles a partir de 75 anos. Interessante que, à medida que envelheciam, a percepção de idoso mudava, com acréscimo de um ano nessa percepção a cada 4-5 anos de envelhecimento.

Idosos precisam receber cuidados dos filhos
Idosos. Crédito: Pixabay

Traduzindo: o cidadão que afirmava aos 64 que estaria velho aos 75, quatro anos depois adiava a própria velhice para 76, mais 4-5 anos depois adiava para 77 e assim progressivamente. Os pesquisadores alemães notaram também que havia diferença entre as pessoas conforme idade de nascimento. As gerações mais novas tendiam a adiar o próprio envelhecimento ainda com mais intensidade que as gerações mais antigas.

Na discussão desse interessante trabalho, os pesquisadores comentam que já se sabia que, em nações com idade maior de aposentadoria e maior número de idosos, a percepção própria de velhice tendia a ser mais tardia. Esse é um campo também muito influenciado pela desigualdade social e acesso aos serviços de saúde e educação.

Já é sabido pelos cientistas que pessoas com níveis de educação maiores tem uma percepção tardia do envelhecimento. Também era esperado que as gerações mais novas, que têm tido acesso mais amiúde aos avanços do conhecimento médico sobre envelhecimento saudável, possam usufruir deles e tenham, por consequência, a sensação de envelhecimento mais tardio.

Essa publicação é o primeiro estudo científico que documenta essa evolução da percepção da própria idade. Na primeira década deste século, o alemão médio tinha percepção de que a velhice estava ao redor de 63,3 anos. Na segunda década, ao redor de 2018, a percepção de velhice do alemão médio estava em torno de 68,5 anos. E, curiosamente, à medida que envelhecemos a percepção da velhice vai aumentando em anos. Enfim, é só lembrar da máxima que diz: “Velho é alguém bem mais velho do que a gente...”

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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