A Páscoa tem significado especial para os cristãos. A palavra vem do hebraico e significa a passagem, a ressurreição de Cristo, sua vitória sobre a morte. Para as crianças, e muitos adultos, é também comemoração com chocolate, os populares ovos de Páscoa.
Há mais de 12 anos, uma das principais revistas médicas do mundo publicou uma deliciosa crônica sobre o chocolate. O artigo, de prazerosa leitura, tem o título de “Consumo de chocolate, função cognitiva e laureados pelo Nobel”. Você, caro leitor ou leitora, pode achá-lo no site do New England Journal of Medicine.
O autor inicia comentando que o consumo regular de flavonóides pode melhorar as funções cognitivas de pessoas idosas e mesmo reduzir o risco de demência. Os flavonóides estão presentes no cacau, no chá verde e até no vinho tinto. Extratos polifenólicos de cacau melhoraram a performance cognitiva em camundongos.
O autor então especula que, se o chocolate melhora performance cognitiva em indivíduos, por que não em populações inteiras? Usando métodos pouco ortodoxos para averiguar o consumo de chocolate de alguns países, nosso pesquisador logra estabelecer uma associação entre as nações que mais consomem chocolate com número de pessoas vencedoras do Nobel, em cada país, obviamente ajustando o tamanho da população.
A Suíça destaca-se no topo da lista com o maior número de premiados por 10 milhões de habitantes e o maior consumo de chocolate. Analisando a curva de tendência, o autor chega ao curioso cálculo que a cada aumento de 400g de chocolate per capita / ano, pelo menos um novo Nobel ocorre naquela população. Parece haver, na curva de consumo, o valor mínimo de 2 Kg/habitante/ ano para surgir um ganhador do Nobel.
O artigo foi publicado em 2012 e todos os agraciados pelo prêmio até 2011 e suas respectivas nacionalidades foram incluídas. Nosso Brasil tem um baixo consumo de chocolate per capita e ainda nenhum Nobel. Curiosamente, a Suécia é um ponto fora da curva, com um excesso de premiados em relação à quantidade de chocolate que consomem.
Bem, o artigo especula de modo divertido, se não seria devido ao fato de o Comitê do Nobel ser sueco... o autor, admitindo em seu estudo que o consumo de chocolate melhoraria a performance cognitiva, propõe uma associação com desempenho pessoal. Como se formulasse uma hipótese de que a ingestão de chocolate, de uma forma dose-dependente, forneceria o solo fértil e abundante necessário em uma população, para o surgimento de laureados com o Nobel. Uau!

Entre os possíveis conflitos de interesse, o autor do estudo, um cardiologista da Columbia University, tem o cuidado de revelar que é consumidor ativo de chocolate especialmente, mas não apenas, das variedades amargas e concentradas da Lindt, não por acaso, as mais saudáveis! Que acham?
Este cronista que aqui escreve, caro leitor, confessa o mesmo conflito de interesses ao escrever este artigo...
Desejo aos leitores e leitoras de A Gazeta uma Feliz Pascoa e que sejamos mais tolerantes com nossas diferenças particularmente nesse período. E que esta crônica ajude a que possam comer, sem culpa, ao menos na Páscoa, seu chocolate.
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