A pandemia ceifou a vida de muitos idosos em todo o mundo. Ainda agora, em 2024, são essencialmente os octagenários aqueles que mais morrem de Covid-19. As pessoas mais velhas morrem mais facilmente de diversas infecções como pneumonias e até mesmo de uma simples gripe.
O envelhecimento é o principal fator de risco para muitas doenças crônicas. Como a população do mundo está envelhecendo rapidamente e o número de idosos só aumenta em diversos países, inclusive no nosso, são urgentes e necessárias intervenções que possam mitigar os efeitos do envelhecimento no corpo humano.
É prioridade da ciência o esforço de mais saúde aos anos que vão se somando em nossas vidas. Um dos principais desafios a ser vencido é o envelhecimento de nosso sistema imune. As células-tronco hematopoiéticas geram as células do sangue durante toda a nossa existência. A maioria das células-tronco (chamada pelos autores de “equilibradas”) tem o potencial de se diferenciar em células de qualquer linhagem do sangue.
À medida que envelhecemos, a proporção de células-tronco “equilibradas” vai sendo substituída por uma linhagem diferenciada chamada “mieloide”, que produz mais células que originam as hemácias, plaquetas e diversas células de defesa do sistema inato. Esse envelhecimento do sistema imune dificulta a resposta adaptativa a novas infecções, reduz a resposta a diversas vacinas, traz o risco de inflamação excessiva (como ocorreu na Covid) e aumenta o risco de diversos tipos de câncer em idosos como leucemias e linfomas.
Intervenções que possam rejuvenescer o sistema imune tornaram-se objetos de esforços de pesquisa em todo o mundo. Pesquisadores de Stanford (EUA) publicaram, no final de março, na revista Nature os resultados de uma inovadora pesquisa em camundongos.
Os cientistas conseguiram mapear nas células-troncos de camundongos quais proteínas estavam ligadas à diferenciação para as células-troncos mais velhas (“mieloides”). Assim submeteram camundongos envelhecidos a um tratamento com anticorpos direcionados a eliminar as células-tronco envelhecidas, permitindo assim que as células-tronco “jovens ou equilibradas” repovoassem o espaço vazio deixado, tornando-se predominantes.
Os pesquisadores de Stanford observaram que um único tratamento com esses anticorpos manteve suprimido o “pool” de células tronco “envelhecidas” por pelo menos dois meses, permitindo a proliferação de células-tronco “rejuvenescidas” por pelo menos quatro meses.
Os cientistas ainda demonstraram que os ratos envelhecidos tratados com anticorpos mostraram reação mais robusta às vacinas recebidas e maior capacidade de reagir a novos agentes infecciosos. Os autores da pesquisa vão continuar seus estudos. Caso essa técnica se mostre promissora, os cientistas especulam que seu uso em pessoas idosas poderia rejuvenescer a resposta contra infecções, reduzir o risco de internação e morte por doenças como a Covid, melhorar a resposta às vacinas e mesmo neutralizar a origem de leucemias em linfomas em nossos avós. Parece um sonho, não é mesmo?
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