O modo de vida moderno, nas grandes cidades, traz barulho às nossas vidas, muitas vezes excessivo e desagradável. Frequentemente, em bairros diversos, surgem queixas de ruídos do trânsito, até de pouso e decolagem de aviões, linhas de trem ou mesmo festas e pagodes, atrapalhando sono e descanso das pessoas. Mas não é somente o sono... uma reportagem extensa do New York Times, em junho passado, alertava que excesso de ruídos pode tirar anos de vida das pessoas, e não somente o sono.
Qualquer pessoa que vive em ambiente muito ruidoso pode achar que se adapta com o tempo ao barulho excessivo. Pesquisadores de Ann Arbor, Michigan, publicaram que cerca de 100 milhões de norte-americanos vivem em ambientes com ruído excessivo, com impactos na audição, qualidade do sono e doença cardiovascular. Hipertensão arterial e doença coronariana são mais prevalentes em adultos que vivem em ambientes barulhentos.
Os mecanismos responsáveis por essa associação ainda são motivos de discussão, mas acredita-se que haja maior liberação de cortisol, adrenalina e outras substâncias e mediadores em pessoas expostas, de modo contínuo, a muito ruído. Interessante também é ter a noção de que a escala de decibéis não é linear, mas logarítmica. A cada aumento de dez decibéis em ruído, a sensação de volume, na verdade, dobra ao ouvido comum.
A Organização Mundial de Saúde acredita que a exposição contínua a ruídos durante o dia traz efeitos deletérios a nossa vida. O ruído noturno fragmenta o sono e desencadeia respostas de estresse em momentos em que o corpo deve relaxar. A OMS recomenda menos de 40 dB para uma noite tranquila e menos de 30 dB para um sono de alta qualidade. Interessante, cientistas acreditam que flutuações no barulho, sons recorrentes altos são mais deletérios à saúde do que um ruído rítmico e sem grandes flutuações.
O mesmo trabalho publicado pelo grupo da Universidade de Michigan estima que, nos Estados Unidos, uma redução de apenas 5 dB no ruído ambiental poderia reduzir casos de hipertensão arterial em 1 milhão e duzentos mil, e casos de doenças coronarianas em 279 mil. Essa queda de doenças resultaria em economia direta em gastos de saúde em 2,4 bilhões de dólares ao ano e ganhos em produtividade de 1,5 bilhão de dólares ao ano. Realmente, não há dúvidas de que silêncio faz bem à saúde!
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