O último Censo realizado no Brasil pelo IBGE trouxe dados muito interessantes sobre envelhecimento da população brasileira. O Brasil já não é mais uma nação de jovens, tal como existia em nosso imaginário. O número de adultos com mais de 65 anos aumentou 57% desde o último Censo em 2010, passando de 14,1 milhões para 22,2 milhões de pessoas.
Além disso, mais 10 milhões de brasileiros têm entre 60 e 65 anos. No outro extremo do espectro de idades, o numero de crianças até 14 anos de idade caiu 12,6% desde 2010, de 45,9 milhões para 40,1 milhões de brasileirinhos.. A idade média do brasileiro subiu em 12 anos, de 29 para 35 anos de idade. O índice de fertilidade do país está abaixo de 1,6, não tão baixo quanto o de muitos países de renda alta, mas já no limite do necessário para estabilidade da população.
Os dados do Censo trazem desafios à economia. Os gastos sociais e de saúde da população idosa são bancados pela população economicamente ativa, que está minguando. Logo a reforma da Previdência estará obsoleta e exigirá ajustes, apesar dos eternos crédulos que pensam que dinheiro dá em árvores. O bônus demográfico acabou e estamos ficando velhos antes de ficarmos ricos.
O rápido envelhecimento dos brasileiros traz enormes desafios e oportunidades para a economia. Nosso dia a dia é amigável para a população idosa? O trânsito de nossas cidades seguramente não é. Acessibilidade vai se tornando importante para vários negócios.
Desafios estão também no horizonte do sistema de saúde publico e suplementar. São esperadas desde já maiores incidências de doenças crônicas degenerativas, como demência, doenças cardiovasculares e maiores incidências de câncer. Lembro de uma paciente muito idosa que se queixava que na família todos morriam de câncer. Pudera, eram longevos! Ultrapassavam sempre os 90, quando as neoplasias são muito mais comuns.
Vão ser necessárias mais clínicas especializadas em serviços para os idosos, com pessoas treinadas em reabilitação, fisioterapia e tratamento de condições neurodegenerativas. Obviamente, isso impactará o financiamento do SUS, que já sofre de verbas escassas há tempos. Existe necessidade também de racionalização do gasto. Fui gestor publico e sei que sempre existem ralos que podem ser corrigidos.
Esse rápido envelhecimento da população brasileira traz desafios também para a saúde suplementar, que tem sofrido déficits e prejuízos seguidos desde a pandemia. O modelo de financiamento e pagamento da saúde suplementar precisa ser revisto. O atual não se sustenta, pesa cada vez mais no bolso do consumidor e o cenário de aumento de gastos no futuro próximo é desafiador.
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