Uma cadeira voando, lançada às costas de um candidato falastrão que insultava outro, repórter policial com ambições de candidato, em debate político transmitido pela televisão, não é bem o que se espera de seriedade dos postulantes a prefeito da maior cidade do país. Teremos eleições em cerca de dez dias para os futuros administradores de nossas cidades. Não é pouca coisa.
O futuro da população mundial é urbano. Há poucas décadas, em 1950, apenas 30% da população mundial vivia em cidades, segundo a ONU. Hoje estima- se que 55% da população mundial viva em áreas urbanas. A OMS prevê que a população das cidades chegue a 70% em 2030. Em oito décadas estará ocorrendo uma absoluta inversão da proporção de habitantes entre o meio rural e o urbano. Essa proporção não será uniforme, aliás, já não é. A América do Norte terá 84,7% da população em cidades e a Europa 83,6%, já a África 56,7%.
A urbanização é considerada uma força positiva para o crescimento econômico, redução da pobreza e desenvolvimento humano. As cidades são lugares onde o empreendedorismo e inovação tecnológica podem prosperar, graças à diversidade, à formação educacional da força de trabalho e à alta concentração de negócios.
As cidades podem ser hubs de desenvolvimento, onde a proximidade de comércio, governo e transportes proveem a infraestrutura necessária para compartilhamento de conhecimento e informação. Os moradores urbanos tendem a ser mais cultos, ter mais acesso à educação, e oportunidades de trabalho e moradia, e mesmo participação política. Essa é a teoria que explica a urbanização global, tendência irreversível. As oportunidades estão nas cidades.
Na prática, o que vemos, na realidade, não é bem assim. Se em pouco mais de duas décadas, mais de 2/3 da população brasileira estarão morando em cidades, ou escolhemos gestores preocupados com o planejamento das cidades, ou nossa vida ficará insuportável.
Os desafios do trânsito só vão piorar. Precisamos de transporte público mais eficiente e soluções de tráfego que ajudem a desafogar nossas artérias mais congestionadas. A violência nas grandes cidades brasileiras é um problema que não tem soluções fáceis e simplistas.
Precisamos de educação de qualidade que dê condições reais e equidade de acesso às oportunidades que as cidades oferecem. Precisamos de equipamentos de saúde que atendam às necessidades da população que depende do SUS e espera um tempo interminável para acesso a exames e consultas de especialistas. O atendimento à pandemia só piorou a fila e demanda para as demais necessidades da saúde.
Enfim, prezado leitor, não deixe que a agitação das redes sociais, a polarização maluca e a lacração impeçam você de escolher o perfil de melhor gestor: Sua cidade merece!!
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