Quantos anos iremos viver? Viver com qualidade, sem depender dos outros? Os limites da existência humana constituem sem dúvida um dos mais fascinantes desafios da ciência. Na maior parte da história da humanidade, a expectativa de vida, da espécie, não passava de algumas poucas décadas.
Na Antiguidade, Alexandre Magno, o Grande, rei da Macedônia, gênio militar que erigiu um império que ia do Mediterrâneo oriental à India, morreu aos 33 anos, provavelmente de febre tifoide. Ainda no século XIX, poucas pessoas viviam mais do que 40 a 45 anos. Foi no século XX que ocorreu um extraordinário aumento na expectativa de vida da humanidade, com aumento de três anos por década, com média de 30 anos neste século, nas nações de melhor renda.
Esse avanço extraordinário ocorreu devido a saneamento básico, vacinas, melhor controle de segurança de trânsito (obrigação de uso de cinto de segurança), redução de mortes por doenças do coração, entre outras causas. Assim, em várias regiões do globo, inclusive em muitas cidades brasileiras, a expectativa de vida média saltou de 40 para pouco mais de 70 anos.
Esse salto animou muitos cientistas no início deste século, que passaram a acreditar (e escrever), que rapidamente, homens e mulheres passariam facilmente dos cem anos. Muitos pesquisadores entendiam que a maioria dos bebês nascidos no século XXI seriam centenários. Esses cientistas questionavam o desafio que estaria representado nos países mais desenvolvidos, com uma população muito idosa saudável, e mesmo produtiva.
Não parece haver dúvida do aumento da população idosa na maioria dos países. No entanto, a ideia de que a maioria dos bebês nascidos neste século serão centenários foi contestada por outro estudo recente. Pesquisadores americanos de Illinois, Harvard e Los Angeles publicaram em outubro de 2024 um interessante trabalho na revista Nature Aging. Eles estudaram métricas demográficas em oito países com as populações mais longevas, que são Austrália, França, Itália, Japão, Coreia do Sul, Espanha, Suécia e Suíça, em Hong Kong, e também, nos EUA.
Descobriram que, desde 1990, o incremento extraordinário da expectativa de vida que vinha ocorrendo no século XX desacelerou. Os cientistas concluem que a sobrevida até os 100 anos, ou seja, a existência abundante de centenários, não seria a regra, mas sim que estes constituiriam no máximo 15% das mulheres e 5% dos homens.
Enfatizam que, a menos que a ciência descubra como retardar o processo de envelhecimento biológico da espécie humana, a extensão radical da expectativa de vida ocorrida no século XX estaria se esgotando e não ocorrerá no século XXI.
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