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Morre, aos 83, o padre dos discursos e das cartas do Palácio Anchieta

Corpo de Alberto Fontana será doado para estudos numa faculdade de medicina, conforme desejo expresso por ele

Vitória
Publicado em 23/11/2023 às 16h59
Padre Alberto discursa durante entrega do Prêmio Dom Luís Gonzaga Fernandes, da área dos direitos humanos
Padre Alberto discursa durante entrega do Prêmio Dom Luís Gonzaga Fernandes, da área dos direitos humanos. Crédito: Divulgação

Morreu nesta quinta-feira (23), aos 83 anos de idade, o padre Alberto Fontana. Italiano de nascimento, o sacerdote escolheu o Brasil para viver e exercer intensa militância social, particularmente na área dos direitos humanos. Ele enfrentava um câncer havia mais de um ano.

Bondoso, afável e muito culto, padre Alberto morava na Prainha, em Vila Velha, onde também era capelão de uma casa de irmãs de caridade idosas. Ele manifestou em vida o desejo de ter seu corpo doado a uma faculdade de medicina, para estudos científicos, por isso não haverá velório e sepultamento.

“Se o meu corpo servir para um estudante de medicina aprender, já sentirei que foi útil”, costumava dizer, com a humildade que lhe era característica.

LONGA AMIZADE COM PAULO HARTUNG

O sacerdote, que não tinha paróquia e começou sua trajetória religiosa com os jesuítas, também teve a graça de ser pai, pois durante sua vida adotou várias crianças, hoje já adultas. Era muito próximo do ex-governador Paulo Hartung, cujo casamento com Cristina Gomes foi celebrado por ele. Alberto Fontana também batizou os dois netos de PH.

“Era um querido amigo e companheiro de muitas jornadas”, afirma o ex-governador, que se emocionou ao falar do sacerdote, com quem começou a conviver no longínquo 1979, ano marcado pelas tragédias das enchentes no Espírito Santo.

“O arcebispo era dom João Batista da Motta e Albuquerque e nesta época conheci o padre Alberto. Eu era presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufes e fomos para as ruas pedir comida para as famílias vítimas da enchente”, lembra o ex-governador.

Amizade iniciada, amizade consolidada. A partir desse evento trágico no ES, Hartung e Alberto Fontana se tornaram amigos. Eleito prefeito de Vitória em (1993-1997), PH chamou o sacerdote para trabalhar com ele numa função muito especial: Fontana era o coordenador de toda a correspondência oficial e dos discursos de PH.

Deu tão certo que o padre exerceu a mesma tarefa nos três mandatos de Hartung como governador. “Apesar de italiano de nascimento, tinha profundo conhecimento da língua portuguesa. Não havia um discurso, uma correspondência oficial, um texto que não fosse revisado pelo padre Alberto”, destaca Hartung.

Segundo nota da Arquidiocese de Vitória, o arcebispo dom Dario Campos e dom Andherson Franklin, bispo auxiliar, estão unidos em oração a Deus e agradecem pela vida do padre Alberto.

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