Um dos mais ativos militantes do movimento dos direitos humanos e do movimento negro, Lula Rocha, de 36 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (11) no Hospital Dório Silva, na Serra. Ele estava internado para se submeter a uma hemodiálise. A causa da morte ainda não foi divulgada.
“Vai deixar um vazio enorme. Era o mais autêntico e genuíno militante dos direitos humanos que conheci”, reconhece Bruno Toledo, advogado e ex-presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, função que Lula Rocha, formado em Direito, também exerceu.
Surpreso com a morte do amigo, Toledo conta que, mesmo internado, Lula estava interagindo normalmente no grupo de direitos humanos e inclusive prometeu participar de uma reunião do colegiado nesta sexta-feira (12).
“Lula não era arrogante, não era prepotente, não militava com ódio. Sempre foi afetuoso, calmo e tinha profundo respeito ao ser humano. Deixou um legado extraordinário”, elogia Toledo,
Alegre, de bem com a vida, Lula Rocha morava em Cariacica, mas era na Piedade, uma das mais tradicionais escolas de samba de Vitória, que desfilava sua paixão, na bateria da agremiação. Filiado ao Psol, apoiou entusiasticamente a candidatura da petista Célia Tavares à Prefeitura de Cariacica. Ela foi ao segundo turno, mas perdeu para Euclério Sampaio (DEM).
Na semana passada, Lula foi ouvido pela coluna sobre as declarações de Breno Panetto, subsecretário de Direitos Humanos da Prefeitura de Vitória, que fez uma postagem irônica contra quem ele chamou de “vítimas da sociedade”.
“Associar o envolvimento de jovens ao crime apenas à falta de acesso ao trabalho precarizado é no mínimo uma visão simplista, que gestores públicos não deveriam ter. Num país onde as ausências do Estado, que geralmente marcam a vida desses jovens desde a infância, são o gatilho para início do envolvimento deles com o crime, os que outrora prometiam paz e igualdade na Capital deveriam estar preocupados com o desenvolvimento de políticas públicas, sobretudo voltadas para os territórios historicamente excluídos na cidade”, disse Lula Rocha na ocasião.
Lula foi coordenador geral do Centro de Apoio aos Direitos Humanos (CADH) e do Círculo Palmarino. Foi também coordenador do Fórum da Juventude Negra do ES. O velório será às 9h desta sexta-feira (12), no Cemitério Parque da Paz de Cariacica, mesmo local do sepultamento, às 11h.
HOMENAGENS NAS REDES SOCIAIS
Secretária Estadual dos Direitos Humanos, Nara Borgo se manifestou nas redes sociais sobre a morte de Lula Rocha: "Sentimos e sentiremos muito a ausência de Lula. Lula foi do movimento de juventude, direitos humanos, movimento negro e tantos outros que buscam a promoção de DH e justiça social. Foi presidente do Conselho Estadual de DH quando eu era conselheira. Lula fez história no ES e deixou grandes contribuições para a construção de uma sociedade melhor. Vá em paz, Lula. Sua voz não será esquecida".
A direção da Piedade, escola de samba de Lula Rocha, também publicou uma nota de pesar em homenagem ao ritmista: "Que toda família receba nossos sentimentos, pela passagem do querido Lula Rocha, que também foi nosso ritmista e defensor intransigente de nossa cultura, de nossas lutas ancestrais do legado do povo negro, pelos Direitos Humanos. Ficará pra nós e toda comunidade seu legado de luta por justiça e lealdade. A Piedade perde um ritmista e o Estado do Espírito Santo e o Brasil perdem um grande lutador", diz trecho da nota.
Atualização
11 de fevereiro de 2021 às 12:36
Há poucos minutos, o governador Renato Casagrande (PSB) se manifestou, pelo Twitter, sobre a morte de Lula Rocha: "É com tristeza que registro o falecimento de Lula Rocha. Um importante militante dos movimentos sociais, incansável na defesa dos direitos humanos e justiça social. O Estado perde um grande idealista. Minha solidariedade a família e amigos", disse o governador.
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