Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

A cidade mais manatista do ES; o município fiel; as contradições de Vitória

Divisão geográfica dos votos no Espírito Santo trouxe algumas surpresas, mas também obviedades. Veja as observações da coluna

Vitória
Publicado em 03/10/2022 às 16h45
Atualizado em 05/10/2022 às 13h16
Urna com o mapa do ES
Primeiro turno das eleições no Espírito Santo revelou algumas verdades. Crédito: Arte/AG

Castelo, município do Sul do Espírito Santo com 29.404 eleitores, pregou algumas peças nesta eleição. Lá, que é a cidade natal do governador Renato Casagrande (PSB), o candidato mais votado na disputa pelo Palácio Anchieta foi Manato (PL), com 49,34% dos votos válidos.

Mas não apenas isso. O deputado federal mais votado foi Evair de Melo (PP), um crítico do socialista.

Manato, por sua vez, perdeu em Alegre, cidade em que o candidato do PL nasceu. Os eleitores preferem Casagrande. Entre os candidatos a deputado federal, entretanto, Soraya Manato (PTB), esposa do candidato ao Palácio Anchieta, foi a que recebeu mais votos.

Ela não foi reeleita. Entre os deputados federais que vão estar na Câmara a partir de 2023, Evair foi o mais votado lá.

Em tempo: o deputado, agora reeleito, apoiava Guerino Zanon (PSD) para o governo.

CASAGRANDISTA X MANATISTA

A cidade mais casagrandista no primeiro turno foi Ponto Belo. Se dependesse apenas dos eleitores do pequeno município (são 6.419, no total), o governador seria reeleito com 77,75%.

Já a cidade mais manatista, digamos assim, foi Itapemirim. Lá, Manato alcançou 62,77% dos votos.

A VITÓRIA DE HELDER SALOMÃO

O deputado federal Helder Salomão (PT) foi reeleito e o mais votado entre os candidatos à Câmara no Espírito Santo.

Foi a escolha de 120.337 eleitores. Desses, 36.276 votos vieram de Cariacica, o principal reduto eleitoral do parlamentar, que já foi prefeito da cidade.

Mas, entre os eleitos, Helder foi o mais votado também em Água Doce do Norte, Conceição da Barra, Jaguaré, Montanha, Mucurici, Muqui e Santa Leopoldina.

Em outros municípios também teve votação que, somada, foi expressiva, claro, mas nesses ficou em primeiro lugar.

O FEDERAL DA DIREITA

O vereador de Vitória Gilvan (PL) foi o segundo candidato a deputado federal mais votado, com 87.994 votos.

Foi o preferido dos eleitores em Vitória e São Mateus. 

A vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Patriota), que também disputou uma vaga na Câmara, teve apenas 10.075 votos.

SÓ EM ARACRUZ

Amaro Neto (Republicanos) foi o candidato mais votado para federal no estado em 2018, com 181.813 votos. Agora foi reeleito, mas com capital político bastante reduzido. Obteve 52.375 votos.

Somente em Aracruz ele foi o mais votado. Isso considerando os deputados eleitos. No cômputo geral, Major Wallace (Patriota) foi o preferido dos eleitores de lá.

LINHARES FIEL

Linhares não abandonou Guerino Zanon (PSD). Ele, que foi eleito prefeito da cidade por cinco vezes, tentou o governo do estado. Ficou em terceiro lugar, com 7,03% dos votos. Em seu reduto eleitoral, entretanto, sagrou-se vencedor,  com 43,59%.

Casagrande teve em Linhares seu pior desempenho, alcançando 28,26%. No geral, o socialista passou ao segundo turno com 46,94% dos votos.

OU NÃO

O deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil), que tentou a reeleição, também é de Linhares.

Mas os linharenses deram mais votos a Marcos Garcia (PP), outro filho político de lá, para a Câmara. Ele não foi eleito. Entre os que vão estar na Câmara em 2023, Evair foi o mais votado.

Rigoni alcançou, no estado, uma boa marca, 63.362 votos. Não foi o suficiente para ser reeleito. O desempenho dos outros candidatos do União Brasil ficou aquém do necessário.

Isso é irônico, já que candidatos a deputado pelo União, como Gustavo Peixoto, queixaram-se justamente do fato de Rigoni ter concentrado recursos e tempo de TV do partido. A direção estadual da legenda, comandada por Rigoni, negou que tenha havido divisão desigual dos recursos.

CONTRADIÇÕES DE VITÓRIA

Se na disputa para deputado federal a Capital do Espírito Santo preferiu Gilvan, o federal da direita, para a Assembleia Legislativa a escolha foi diametralmente oposta.

Denninho (União Brasil), outro parlamentar de Vitória, o mais votado em 2020, perdeu a vez, embora também tenha sido eleito para a Assembleia.

João Coser (PT), ex-prefeito da cidade, também foi superado por Camila, mas está entre os deputados estaduais que vão tomar posse em 2023. 

AS VITÓRIAS E AS DERROTAS DOS PREFEITOS 

A eleição não foi municipal. Logo, os prefeitos não estavam concorrendo. Não diretamente.

O de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), apoiou fortemente o vice, Victor Linhalis, do mesmo partido. O jingle de Linhalis dizia "o federal do Arnandinho". Foi eleito. E mais: foi o preferido dos eleitores da cidade canela-verde.

Um feito e tanto, considerando que dois ex-prefeitos do município também estavam no páreo. Max Filho (PSDB) e Neucimar Fraga (PP) não se elegeram.

Arnaldinho apoiou Rose de Freitas (MDB) ao Senado na reta final da campanha. A emedebista acabou derrotada por Magno Malta (PL).

O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), foi o principal cabo eleitoral do correligionário Erick Musso, que ficou em terceiro lugar para o Senado. O discurso de renovação não empolgou os eleitores.

O prefeito não se empenhou na campanha da vice Capitã Estéfane, então não se pode creditar a ele a derrota. Pazolini pediu votos para o vereador Denninho, que ganhou uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Euclério Sampaio (União Brasil), que comanda Cariacica, emplacou um federal, Messias Donato (Republicanos), que foi secretário na gestão do prefeito. Euclério também apoiou Rose. Aí não deu.

NEM PHILIPE LEMOS AJUDOU

O mesmo vale para o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), que endossou o nome da senadora.

A maior derrota do pedetista, entretanto, foi a de Sueli Vidigal (PDT), sua esposa, que não conseguiu retornar à Câmara dos Deputados. Como já mencionado, na Serra, quem levou a melhor foi Gilvan.

Sueli recebeu, no estado, 58.251 votos. A outra aposta da chapa do PDT era Philipe Lemos, que alcançou 45.260. Também não foi eleito.

Correção

5 de outubro de 2022 às 17:01

Os dados usados na coluna, anteriormente, consideravam apenas os deputados federais eleitos. Onde cada um foi mais votado, nas cidades. Isso, entretanto, causou confusão entre os leitores. O texto foi atualizado para inserir também os mais votados independentemente de terem sido eleitos.

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