A análise mais óbvia e inevitável sobre a eleição de Weverson Meireles (PDT) para a Prefeitura da Serra é que esta é uma vitória do atual prefeito, o também pedetista Sérgio Vidigal. Weverson, evidentemente, contribuiu para a própria campanha, mas sem o padrinho político não teria chegado aonde chegou.
O agora prefeito eleito nunca havia disputado uma eleição, antes de 2024, e era desconhecido da maior parte do eleitorado. Um risco que Vidigal topou correr ao apoiar o pupilo em vez de disputar a reeleição.
O resultado do primeiro turno, que teve como mais votados o candidato do PDT e Pablo Muribeca, do Republicanos, mostrou que a população decidiu pôr fim ao revezamento entre Vidigal e Audifax Barcelos (PP), que governaram a cidade durante 28 anos.
O atual prefeito apontou questões familiares, o estado de saúde da esposa, como a razão para ter optado por não concorrer, mas talvez tenha percebido que se partisse para o embate contra Audifax, o principal beneficiado seria Muribeca.
O republicano seria o único capaz de fazer com que, em 2025, o prefeito não fosse um dos dois tradicionais políticos da cidade.
Com Weverson na jogada, Muribeca adotou esse discurso, mas teve que adaptá-lo. Apresentou-se como “a mudança de verdade”.
Já o candidato do PDT designou-se “a mudança segura”.
Os eleitores, que já haviam optado por alguma oxigenação no comando do Executivo municipal, tiveram, no segundo turno, que escolher em qual tipo de mudança apostar.
E escolheram a mudança ligada a um velho conhecido.
Vidigal está no quarto mandato como prefeito da Serra e esta é a segunda vez que ele consegue emplacar um pupilo na prefeitura.
Vinte anos atrás, o apadrinhado foi Audifax, então um ex-secretário municipal técnico, sem experiência nas urnas. Audifax foi eleito em 2004, assim como Weverson, graças a Vidigal.
O ex e o atual prefeito romperam em 2008, quando Vidigal não deixou o então aliado disputar a reeleição. Os dois tornaram-se arquirrivais.
UNHA E CARNE
Durante toda a campanha de 2024, no primeiro e no segundo turnos, Weverson e Vidigal foram unha e carne.
Houve até exageros, como quando o programa de rádio no horário eleitoral de Weverson foi protagonizado pelo atual prefeito, em vez de ser ocupado pelo candidato.
Nas peças de campanha, parecia até que Weverson era vice de Vidigal. A verdadeira vice na chapa, a delegada aposentada da Polícia Civil Gracimeri Gaviorno (MDB), ficou de escanteio.
Weverson foi “o candidato de Vidigal”. Contou com outros apoios, como o do governador Renato Casagrande (PSB), mas o atual prefeito foi quase onipresente.
Além dos apelos do marketing eleitoral, na prática, não se pode deixar de lembrar que a máquina municipal pesou.
Os candidatos a vereador, no primeiro turno, e os parlamentares eleitos pelo PDT e por partidos aliados na Serra também trabalharam por Weverson.
É graças ao poder exercido na cidade que o PDT do Espírito Santo se mantém. Se perdessem na Serra, os pedetistas ficariam sem seu principal reduto eleitoral.
Vidigal é o presidente estadual do partido e, com a eleição de Weverson, garantiu sobrevida ao grupo político.
FUTURO
Diante do sucesso em 2024, será que Vidigal vai pendurar as chuteiras? Durante a campanha, o prefeito afirmou que voltaria a trabalhar como médico psiquiatra.
Weverson disse que teria o mentor como uma espécie de conselheiro.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.