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Aliado de "vice" rejeitado por Arnaldinho apoia Ramalho em Vila Velha

Renato Cintra, procurador-geral da Câmara, avalia que Bruno Lorenzutti, presidente do Legislativo municipal, foi traído pelo prefeito. Lorenzutti não vai pedir votos para Arnaldinho

Vitória
Publicado em 17/08/2024 às 19h07
Renato Cintra e Coronel Ramalho
O procurador-geral da Câmara de Vila Velha, Renato Cintra, e o candidato do PL a prefeito de Vila Velha, Coronel Ramalho. Crédito: Divulgação

O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), escolheu o ex-secretário municipal de Planejamento, Cael Linhalis (PSB), como vice na chapa. Arnaldinho está em busca da reeleição. O que mais pesou na hora de decidir o companheiro de chapa foi o fato de Cael ser filiado ao partido do governador Renato Casagrande (PSB).

Mas, para estreitar ainda mais os laços com o chefe do Executivo estadual, o prefeito teve que dizer não a outro aliado, o presidente da Câmara de Vila Velha, Bruno Lorenzutti (MDB). Lorenzutti tinha chances de ser o vice, mas foi preterido. Afinal, como no filme Highlander (1986), "só pode haver um".

Agora, o vereador não é candidato nem à reeleição e não vai pedir votos para Arnaldinho:

Bruno Lorenzutti (MDB)

Presidente da Câmara de Vila Velha

"Não estarei na campanha de nenhum candidato a prefeito nesta eleição"

Neste sábado (17), mais um ator entrou em cena nesta história. O procurador-geral da Câmara de Vila Velha, Renato Cintra, aliadíssimo do presidente do Legislativo municipal, declarou apoio a Coronel Ramalho (PL), adversário do prefeito.

"Foi uma iniciativa minha, não fiz isso a pedido do Bruno. Por ter caráter, princípios, decidi declarar esse apoio. Não diria que foi por protesto, mas por gratidão (a Lorenzutti). Não aceito essa traição", afirmou Cintra, à coluna.

É. Renato Cintra, que é amigo de Bruno Lorenzutti há mais de 30 anos, considera que o presidente da Câmara foi traído por Arnaldinho Borgo: "Foi traição, do meu ponto de vista".

Cintra é filiado ao MDB, partido que integra a coligação de Arnaldinho. Ele se filiou ao partido junto com Lorenzutti, em março. Antes, os dois estavam no Podemos, mesma legenda do prefeito.

O cargo de procurador-geral é de livre nomeação e exoneração, ou seja, uma função comissionada. Cintra integra o grupo político do presidente da Câmara e, se Lorenzutti subisse no palanque do prefeito, o procurador faria o mesmo. "Estaria com ele onde quer que ele estivesse", afirmou.

Cintra contou que o presidente da Câmara liberou os aliados a apoiarem quem quiserem, entre os candidatos a prefeito. Alguns seguem com Arnaldinho.

O procurador não é candidato a vereador, não disputa cargo algum em 2024 e não teme represálias do MDB por aparecer ao lado de Ramalho. "Se acharem ruim, posso me desfiliar".

Ok. O apoio de Renato Cintra não deve ter peso suficiente para "virar votos" a favor do candidato do PL, mas serve como indicativo de que a relação entre Arnaldinho e Lorenzutti degringolou devido ao fato de o prefeito ter escolhido Cael Linhalis como vice.

É o prenúncio, ou a constatação, de um racha no grupo.

De acordo com Cintra, embora as conversas sobre a composição da chapa terem sido travadas diretamente entre o prefeito e o presidente da Câmara, o grupo de Lorenzutti estava crente que o emedebista seria o escolhido.

Quando o contrário ocorreu, ainda segundo ele, "ninguém acreditou": "Vimos na rede social, foi uma surpresa, uma surpresa ruim".

Ramalho, claro, tenta capitalizar politicamente. Faz parte da estratégia eleitoral. O coronel, em vídeo publicado no Instagram recentemente, já havia insinuado que Arnaldinho traiu Lorenzutti:

"A velha política de Vila Velha mostra com muita clareza que, neste meio perverso, não existe lealdade, companheirismo, amizade, mas, principalmente, gratidão".

A coluna já analisou que, se Casagrande quisesse, poderia usar essas mesmas palavras contra o próprio Ramalho, que, meses após deixar o cargo de secretário estadual de Segurança Pública, no governo do PSB, passou a demonizar o partido. Mas esse é outro assunto.

E o que diz Bruno Lorenzutti? Considera-se traído? Ele respondeu à coluna e o que se pode concluir é: climão.

"Essa pergunta tem que ser feita a ele (Arnaldinho) (...) O que posso dizer é de mim. Sou um pessoa que cumpre o que fala, não sou movido por vaidade e acredito em projetos coletivos".

No dia 2 de agosto, data do anúncio da chapa Arnaldinho-Cael, o presidente da Câmara de Vila Velha republicou, nos stories do Instagram, várias mensagens de apoio. Uma delas foi a de Renato Cintra.

No post, Cintra já classificava a decisão de Arnaldinho como traição:

Bruno Lorenzutti republica post que fala em
Bruno Lorenzutti republica post que fala em "traição" de Arnaldinho Borgo. Crédito: Reprodução/Instagram

A coluna procurou Arnaldinho Borgo, por meio da assessoria de imprensa do candidato à reeleição, neste sábado, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

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