O primeiro escalão do governo Renato Casagrande (PSB) é composto por 23 secretarias. No ano que vem, quando o socialista vai iniciar o terceiro mandato, não consecutivo, à frente do Executivo estadual, esse número vai aumentar, já que a Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (Sectides) vai ser desmembrada.
Para além da configuração do secretariado, já são especulados nomes para ocupar as pastas.
O governador já disse que alguns dos atuais secretários vão permanecer nos cargos, outros vão ser remanejados, trocados de lugar, mas tem gente que vai deixar a gestão. E novas pessoas vão chegar.
Casagrande diz que vai falar sobre isso somente em dezembro. Aliados dele, entretanto, já fazem apostas.
FELIPE RIGONI
O deputado federal não reeleito Felipe Rigoni (União Brasil), por exemplo, é dado como certo. Tem gente que faz campanha para que ele assuma a Secretaria de Educação, hoje comandada por Vitor de Ângelo.
O mais provável, no entanto, é que Rigoni vire secretário de Ciência e Tecnologia, pasta que vai ressurgir após o desmembramento da Sectides.
Assim, o futuro ex-deputado federal não vai ser um supersecretário, como foi Tyago Hoffmann, antigo titular da Sectides, eleito deputado estadual.
Rigoni declarou apoio a Casagrande no segundo turno das eleições de 2022. Uma pessoa próxima ao parlamentar, mesmo antes disso, já havia dito à coluna que ele recebeu convite para integrar o governo a partir de 2023, no caso de Casagrande ser reeleito, o que se confirmou.
Uma pessoa próxima ao governador diz que a incorporação do deputado ao governo é "um acordo do segundo turno", embora Casagrande afirme que não tratou do assunto com Rigoni.
VITOR DE ÂNGELO
O atual secretário de Educação é bem avaliado internamente e coordenou a campanha de Casagrande. Mas pode ocupar outra função a partir do ano que vem.
De Ângelo é cientista político e professor universitário.
NÉSIO FERNANDES
O secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, segue em férias. Tadeu Marino está à frente da pasta por enquanto. Em 2023, entretanto, tudo isso vai mudar.
Nésio é um quadro técnico e foi incansável na gestão da pandemia de Covid-19. Arestas políticas mal aparadas, contudo, vão custar a ele a permanência no governo.
O secretário já é considerado carta fora do baralho. Filiado ao PCdoB, apesar de técnico – define-se como médico sanitarista clássico –, Nésio tem uma clara militância política à esquerda, nunca escondeu isso.
O posicionamento rendeu rusgas com alguns prefeitos e outros agentes. "É preciso ter jogo de cintura para se relacionar com o pessoal da saúde privada, por exemplo", comenta um aliado de Casagrande.
O nome do novo secretário, ou secretária, da Saúde ainda não está definido. "O governador vai ouvir muito para decidir", diz o mesmo aliado.
CORONEL RAMALHO
O ex-secretário da Segurança Pública coronel Alexandre Ramalho deve voltar ao governo. Há quem avalie que ele possa até voltar a chefiar a Sesp.
Marcio Celante Weolffel, também coronel da Polícia Militar, é o atual secretário e não há críticas entre os integrantes do primeiro escalão à atuação dele. O fator político, mais uma vez, entretanto, pode pesar.
Ramalho é, digamos, mais midiático que Celante. Uma postura que agrada mais ao governador, uma vez que a (in) segurança pública é tema frequente nos telejornais e nas redes sociais.
Não está descartado, porém, que Ramalho ocupe outro lugar na equipe.
LENISE LOUREIRO
A ex-secretária de Turismo do Espírito Santo entre 2021 e 2022 Lenise Loureiro deve voltar ao governo, mas não no primeiro escalão.
Ela foi candidata a deputada estadual pelo Cidadania e não se elegeu.
FÁBIO DAMASCENO
O atual secretário de Mobilidade e Infraestrutura Fábio Damasceno é bastante próximo a Casagrande. Após o socialista perder a eleição de 2014, Damasceno foi abrigado no governo do Distrito Federal, comandado, à época, por Rodrigo Rollemberg (PSB).
Assim que Casagrande reassumiu o governo, em 2019, o secretário também voltou ao posto.
Agora, um aliado do governador diz que Damasceno é bem avaliado, pode seguir na pasta ou ser realocado.
MARCELO ALTOÉ
A Secretaria de Estado da Fazenda foi um calo no pé de Casagrande na eleição.
O ex-secretário Rogélio Pegoretti foi preso em julho, a poucos meses do pleito. Ele já estava fora do governo, mas, ainda assim, provocou um dano político.
Pegoretti é, ou era, filiado ao PSB e foi escolhido por Casagrande para comandar a Sefaz. É auditor do Tribunal de Contas e ex-secretário da Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim.
Acabou suspeito de receber propina para proteger empresários que sonegavam impostos.
Quem comanda a Sefaz desde agosto de 2021 é Marcelo Altoé, que antes atuava na Secretaria de Controle e Transparência.
É um quadro técnico que não causou nenhuma turbulência. Pode seguir no cargo.
COMPOSIÇÃO DA ELEIÇÃO
"O governo (a partir de 2023) tem que refletir a composição da eleição", resume uma pessoa que transita no gabinete do governador.
Eis a questão. A ampla aliança que elegeu Casagrande é bem ampla mesmo. Vai da federação formada por PCdoB, PV e PT ao PP bolsonarista.
E ainda agregou PSol/Rede e nomes que estavam, até então, fora da órbita, como o já citado Rigoni.
Acomodar todos é um desafio. E também pode não ser muito republicano, lembrando que a máquina pública deve servir, primeiramente, à população.
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