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As arestas a serem aparadas após o barata-voa das trocas partidárias

Governador Renato Casagrande ajudou a montar as chapas de alguns partidos, mas nem todos ficaram satisfeitos

Deputado estadual Vandinho Leite discursa durante congresso estadual do PSB
Deputado estadual Vandinho Leite discursa durante congresso estadual do PSB. Crédito: Helio Filho/Divulgação

O governador Renato Casagrande (PSB) elegeu-se, em 2018, com uma ampla base de apoio. A maioria dos partidos permanece aliada a ele. Isso demonstra força e capacidade de articulação.

Mas o governador quer repetir o conjunto de aliados em 2022. Para isso, se equilibra para não desagradar os entusiastas deste ou aquele pré-candidato à Presidência da República e ajudou, pessoalmente, a atrair quadros para as siglas que precisavam de reforço de pré-candidatos a deputado estadual e federal.

Não todas as siglas. O presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, discursou na Assembleia nesta segunda-feira (4) para registrar que o trabalho de montagem de chapas do PSDB foi "solo, solitário".

Á coluna, ele emendou que não foi um recado específico para Casagrande. "Não tivemos a ajuda de nenhum agente que se coloque como pré-candidato a governador. Montamos nossa chapa de federal com nossas próprias forças, foi como chegamos de pé até aqui", cravou.

"Mas por um lado é bom, nos dá a independência necessária para tocar o processo. A vida mostra quem busca seus aliados, até porque no caso do PSDB a gente não vai antecipar nenhum tipo de apoio. Talvez seja por isso que as pessoas preferiram ajudar quem já declarou apoio", ponderou, deixando demonstrar certa insatisfação, mas de forma polida.

O Podemos, um dos aliados ao Palácio, quase implodiu. Da chapa de federal saíram o médico Gustavo Peixoto (que foi para o União Brasil) e o coronel Alexandre Ramalho, que só topa ser candidato ao Senado e, com essa condição, permaneceu no Podemos.

O PSB de Casagrande então cedeu Gedson Merízio para o Podemos, para reforçar o time que disputa vagas na Câmara dos Deputados.

O objetivo do partido é eleger Gilson Daniel, o presidente estadual, como deputado federal. Ele é aliado de primeira hora do governador e ex-secretário de Governo.

Resta saber se a chegada de Merízio, que tem base eleitoral em Guarapari, vai ser suficiente. Outro nome de mais destaque que integra a chapa de pré-candidatos a federal do Podemos é o vice-prefeito de Vila Velha, Victor Linhalis.

Casagrande também tentou arranjar um lugar para alocar o deputado estadual Doutor Hércules, candidato à reeleição. Ele deixou o já esvaziado MDB e foi muito rejeitado porque as siglas avaliam que teria muitos votos, o que atrapalharia os demais candidatos dos partidos.

Nessa missão, não houve sucesso, embora Hércules tenha esperanças.

E o jornalista Philipe Lemos, aliado do governador, acabou indo para o PDT, um partido da base, para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, embora tenha sido cobiçado por outras legendas.

A projeção de votos de Philipe é uma incógnita. Na chapa do PDT a federal o outro nome de maior destaque seria Sueli Vidigal. O vice-prefeito da Serra, Thiago Carreiro, é pré-candidato a deputado federal pelo União Brasil, o que certamente vai provocar a divisão de votos no município, prejudicando Sueli.

Para a chapa do PDT eleger um deputado federal, Philipe teria que receber, pelas contas de uma raposa política que acompanha a movimentação do tabuleiro político, uns 100 mil votos. Mas, como ainda não foi testado nas urnas, não há como saber se o feito é plausível.

O Republicanos ajudou o PSC, partido que já declarou apoio à pré-candidatura do presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos) ao Palácio Anchieta.

O ex-secretário de Segurança Urbana de Vitória, delegado Ícaro Ruginski, por exemplo, inicialmente iria para o Republicanos, mas com as bênçãos do partido de Erick, filiou-se ao PSC. Lá, vai ser candidato a deputado federal junto com Lauriete e Renzo Vasconcelos.

O vereador de Vitória Denninho, que foi para o União Brasil, disse que recorreu a Deus e ao mundo para ser recebido em um partido. As siglas achavam que ele teria uma votação expressiva, o que desequilibraria a disputa com os demais pré-candidatos a deputado estadual de um mesmo partido.

"Recorri ao Erick (Musso), que é meu amigo, ao Euclério (Sampaio) meu primo, ao governo. Fui ao PDT e a vários partidos. Aí o União fui eu mesmo que procurei, como é um partido novo (sofreu uma debandada de deputados recentemente), tinha espaço para mim, aí ajudei a montar a chapa, ficou legal. E é um partido de direita, que eu prefiro", contou.

Já o PP, que promete com chapas de peso, é um dos principais aliados de Casagrande, mas diz que montou tudo sozinho. Sem cobranças, mas apenas uma constatação.

O fato é que entre dividas de gratidão e ressentimentos, há muitas arestas a serem aparadas.

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