Quando Arnaldinho Borgo (Podemos) foi eleito prefeito de Vila Velha, em 2020, superou duas forças políticas importantes e tradicionais da cidade, o então prefeito Max Filho (PSDB) e o ex-prefeito Neucimar Fraga (na época, filiado ao PSD). Na planície, Max partiu para a oposição. Neucimar, que havia apoiado Arnaldinho no segundo turno contra o tucano, não chegou a tanto.
Em 2024, Arnaldinho foi reeleito ainda no primeiro turno, com significativos 79,04% dos votos (193.451). Max garantiu que o prefeito tivesse um oponente do PSDB, o ex-vereador Maurício Gorza, que ficou em quarto e penúltimo lugar na disputa, recebeu apenas 557 votos (0,23%).
Neucimar, agora presidente municipal do PP, ensaiou disputar a prefeitura, mas desistiu e apoiou Arnaldinho. Considerando a corrida pelo Executivo, o ex-prefeito ficou do lado vencedor.
Mas a prioridade de Neucimar, na verdade, era eleger o filho Lucas Fraga (PP) vereador. Lucas ficou fora da Câmara, apesar de ter recebido 1.901 votos, mais que os 1.710 alcançados por Rafael Primo (PT), o vereador eleito com menos votos.
O PP elegeu dois vereadores em Vila Velha: Doutor Hércules, o mais votado, e Jonimar.
O clã Neucimar, porém, ficou sem representante direto.
Max e Neucimar, portanto, sofreram mais uma derrota.
A INSISTÊNCIA DE MAX FILHO
Max foi prefeito de Vila Velha por três mandatos e, assim como o pai, o ex-governador Max Mauro, tem relevância na história política da cidade, mas a cada eleição perde mais densidade eleitoral.
O revés de 2020 foi apenas o primeiro baque. Em 2022, o tucano foi candidato a deputado federal e foi escolhido por apenas 16.822 eleitores. Para se ter uma ideia, o deputado federal eleito com menos votos naquele ano no estado foi Messias Donato (Republicanos): 42.640.
Mas Max insistiu em permanecer no jogo eleitoral, ainda que indiretamente. O PSDB estadual não queria lançar candidato a prefeito em Vila Velha em 2024, estava inclinado a apoiar a reeleição de Arnaldinho. O presidente o partido no Espírito Santo, Vandinho Leite, avaliava que o resultado nas urnas não seria positivo se os tucanos se aventurassem.
Max Filho, entretanto, bateu à porta da direção nacional da sigla, conseguiu uma intervenção para controlar o diretório municipal do partido e, assim, colocou a candidatura de Maurício Gorza na rua.
Desde o início, o desempenho do candidato do PSDB era pouco animador nas pesquisas de intenção de voto e a campanha dele, tímida. Afinal, nem mesmo os integrantes do próprio partido, no estado, tinham convicção desta candidatura. Mas Max e Gorza foram até o final. E colheram o resultado.
É importante, sim, disputar, debater, fazer contraponto à administração vigente, pois "toda unanimidade é burra", mas, pragmaticamente, a estratégia de Max Filho não tem funcionado e, assim, ele vai diminuindo de tamanho.
Maurício Gorza não é Max, mas não se pode deixar de ressaltar que o pupilo do ex-prefeito teve votação equivalente a menos da metade da recebida pelo vereador eleito com menos votos.
A DESISTÊNCIA DE NEUCIMAR
Neucimar também tentou se eleger deputado federal em 2022, já filiado ao PP, e recebeu 39.539 votos, bem mais que Max Filho, no mesmo ano mas, ainda assim, não conseguiu uma vaga em Brasília.
Aquele ano emitiu o sinal de que a vitória de Arnaldinho em 2020 havia, possivelmente, suplantado de vez os ex-prefeitos.
Em 2024, Neucimar chegou a se apresentar como pré-candidato a prefeito, mas depois desistiu, alegou que o PP não teria recursos suficientes para bancar uma candidatura competitiva em Vila Velha.
O PP decidiu apoiar a reeleição do prefeito e Neucimar seguiu o entendimento da sigla.
O ex-prefeito passou a trabalhar pela eleição do filho Lucas Fraga. Como o PP estava coligado com o Podemos de Arnaldinho, havia material de campanha casado de Lucas com Arnaldinho, além da força do boca a boca e das caminhadas ao lado do pai.
Lucas foi candidato a vereador pelo PV em 2016, quando também não foi eleito.
Agora, o desempenho dele, como já mencionado, foi até melhor que o de um vereador eleito, mas não o suficiente.
Neucimar é outro que precisa recalcular a rota, para não cair no derretimento eleitoral irreversível.
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