A eleição na Serra vai ser decidida em dois turnos. Isso já era algo previsto e, agora, é uma tendência reforçada pela pesquisa Ipec realizada a pedido da Rede Gazeta e divulgada nesta segunda-feira (02). Quem lidera a corrida na cidade é o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), com 39% das intenções de voto, seguido pelo deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), que aparece com 28%.
O candidato apoiado pelo prefeito Sérgio Vidigal (PDT), Weverson Meireles (PDT), tem 14%. Os outros quatro candidatos têm entre 3% e 1%.
O fato de Weverson estar entre os três que são competitivos deve-se muito ao esforço de Vidigal. O prefeito "colou" tanto a imagem na do pupilo que o programa de rádio exibido na estreia do horário eleitoral foi protagonizado pelo veterano pedetista.
Vidigal ocupou 72% do tempo, mas a regra é clara: apoiadores podem ficar com, no máximo, 25% do tempo de cada programa ou inserção. A pedido da campanha de Audifax, a Justiça Eleitoral determinou a retirada da peça do ar.
E esse é apenas um exemplo. Vidigal também está proibido de pintar muros e paredes de imóveis públicos de verde, que é a cor da campanha do aliado.
Indiretamente, há uma disputa, eleitoral e jurídica, entre o ex-prefeito e o chefe do Executivo municipal. Os dois, que se revezam no poder há 27 anos, são arquirrivais.
No meio, está Pablo Muribeca, que se apresenta como "o novo". Vereador por dois anos e deputado estadual de primeiro mandato, ele nunca foi prefeito da Serra. Conhecido por usar um chapéu de cowboy sempre que aparece em público, o republicano é muito presente nas redes sociais, faz discursos histriônicos e, assim, tornou-se popular e temido por adversários.
Só que Muribeca, apesar de ter uma carreira política bem mais curta que a de Audifax, é quase tão rejeitado pelo eleitorado quanto o candidato do PP: 21% dos entrevistados disseram que não votam no deputado de jeito nenhum, enquanto o ex-prefeito é rejeitado por 23%.
Weverson, menos conhecido (é a primeira vez que ele disputa um cargo eletivo), é mais "leve", tem a menor rejeição: 11%. Mas isso e ser "carregado" por Vidigal vai ser suficiente para levá-lo ao segundo turno? Eis a principal pergunta no meio político serrano.
Os 14% do jovem pedetista mostram que ele está vivo no jogo. Se estivesse entre os que não alcançaram nem 5%, por exemplo, isso seria, logo de saída, um banho de água fria.
A direção nacional do PDT colocou, até agora, R$ 2 milhões na campanha de Weverson. E o próprio Vidigal tirou mais R$ 20 mil do bolso, como mostram os dados do DivulgaCand, site oficial da Justiça Eleitoral.
A decisão do prefeito de não disputar a reeleição, curiosamente, beneficiou Audifax. A pesquisa Ipec não tem um cenário que simula o que ocorreria se Vidigal fosse o candidato a prefeito no lugar de Weverson, porém, nos bastidores, há tempos os times do PDT e do PP analisam sondagens que mostram que votos que iriam para Vidigal migraram para o ex-prefeito.
Parece contraditório, mas Audifax e Vidigal são da mesma escola. O ex-prefeito foi lançado, em 2004, na política, pelas mãos de Vidigal, mas criou seu próprio reduto eleitoral, seus eleitores-fãs, na Serra.
O dinheiro e o esforço empregados na campanha do pupilo do prefeito, certamente, conseguiram angariar mais intenções de voto para Weverson. Mas, se as eleições fossem hoje, de acordo com o Ipec, o candidato do PDT estaria fora do segundo turno.
O PP, por sua vez, transferiu, até agora, R$ 1,5 milhão para Audifax fazer campanha. O ex-prefeito coloca em jogo a própria experiência contra os "novatos" Muribeca e Weverson. "A Serra precisa de experiência", "não podemos arriscar", são frases comuns no discurso do ex-prefeito.
Vidigal, que, muitas vezes, fala por Weverson, lembra que entrou na vida pública aos 31 anos, "assim como o Weverson, que tem 33". "O novo, com responsabilidade e seriedade, sempre é bem-vindo", argumentou o prefeito, em vídeo publicado no Instagram.
Já Muribeca aposta no "M da mudança" e em críticas ácidas feitas à atual gestão mesmo antes do período eleitoral. Nesta segunda, Muribeca republicou post de um apoiador no Instagram em que insua que o candidato do PDT é um "fantoche".
O candidato do Republicanos também conta com R$ 1,5 milhão, vindos da direção nacional do partido, para fazer campanha
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