O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (PP) ficou em terceiro lugar na corrida pela Prefeitura da Serra e está, portanto, fora do segundo turno, que vai ser disputado por Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (Republicanos).
A queda de Audifax foi a derrota mais surpreendente das eleições de 2024 no estado e marca o fim de 28 anos de revezamento no comando da Serra. Desde 1997, o prefeito ou é Sérgio Vidigal (PDT) ou é Audifax. Os dois, que já foram aliados, são arquirrivais há 20 anos.
Em 2024, o candidato do PP foi superado pelo pupilo de Vidigal, Weverson, que foi o mais votado. O pedetista nunca havia disputado um cargo eletivo, ao passo que Audifax foi prefeito da Serra por três mandatos.
Weverson Meireles, porém, contou com a quase onipresença do atual prefeito na campanha, com o endosso do governador Renato Casagrande (PSB) e com um exército de cabos eleitorais formado por candidatos a vereador do PDT e de partidos coligados à sigla.
Dos 23 vereadores eleitos na Serra, 13 são de partidos que compõem a coligação de Weverson. Entre os dez eleitos mais votados para a Câmara, cinco são do PDT.
A estratégia de "voto casado", em que um candidato a vereador pede votos para si e para um candidato a prefeito parece ter funcionado.
Os principais fatores que impulsionaram Weverson, claro, foram Vidigal e o peso na máquina municipal.
O próprio candidato do PDT apontou o desejo de mudança da população como explicação para o resultado.
O cansaço do revezamento entre Audifax e Vidigal pode, sim, ter sido decisivo, em alguma medida.
Afinal, o concorrente de Weverson no segundo turno, Muribeca, também não havia concorrido ao posto anteriormente.
O candidato do Republicanos, ao comemorar o resultado das urnas, falou em "acabar com o monopólio que já dura quase 30 anos".
Na campanha do primeiro turno, Muribeca pediu que os eleitores fizessem o "M da mudança" e imitou trejeitos do candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB).
Weverson, por sua vez, apresentou-se como "a mudança segura", capaz de oxigenar a gestão, mas tendo Vidigal como conselheiro.
O candidato do PDT também "marçalizou". Em debate realizado por A Gazeta e CBN, Weverson levantou uma carteira de trabalho para provocar Audifax, mesmo gesto protagonizado por Pablo Marçal contra Guilherme Boulos (PSOL).
Marçal ficou fora do segundo turno em São Paulo.
Enquanto isso, na Serra, Audifax o tempo todo alertou que o essencial seria o eleitor escolher o candidato mais preparado e que a falta de experiência dos concorrentes era um risco.
Bem, o eleitor deu a resposta.
A VOTAÇÃO
- Weverson Meireles (PDT) 97.087 votos (39,66%)
- Pablo Muribeca (Republicanos) 61.690 votos (25,20%)
- Audifax Barcelos (PP) 58.643 votos (23,96%)
- Igor Elson (PL) 18.751 votos (7,66%)
- Professor Roberto Carlos (PT) 7.513 votos (3,07%)
- Wylson Zon (Novo) 919 votos (0,38%)
- Antonio Bungestab (PRTB) 175 votos (0,07%)
Pesquisa Ipec publicada no sábado (5), véspera da eleição, mostrava, nos votos totais (considerando brancos, nulos e indecisos), um empate triplo entre Audifax, Weverson e Muribeca.
No recorte por votos válidos, era possível ver a ascensão de Weverson, que cresceu 14 pontos percentuais de setembro a outubro.
A pesquisa também mostrou que Audifax havia perdido sete pontos.
Ou seja, um estava em ascensão e o outro, em queda.
Imaginei que seria possível um segundo turno em que Audifax não seria o mais votado, mas, no fim das contas, nem para o segundo turno ele foi.
Isso pegou de surpresa até alguns atores políticos da Serra.
E AGORA?
Agora, o ponto de interrogação está em outro lugar.
O que Audifax vai fazer no segundo turno? Apoiar Weverson, pupilo de seu arquirrival? Ou Muribeca, que o próprio Audifax pintou como uma ameaça para a Serra?
O ex-prefeito não concedeu entrevista à coluna.
Ainda na noite de domingo, quando a apuração dos votos já indicava que ele ficaria fora do segundo turno, Audifax enviou à imprensa a seguinte nota:
"É com gratidão que recebo a decisão da população da Serra, certo de que Deus conhece e planeja os melhores caminhos. Agradeço imensamente cada voto e o trabalho incessante, fiel e incansável da minha equipe, dos apoiadores e de toda a militância, além do comprometimento inabalável do meu partido, Progressistas, em especial do deputado federal Da Vitória. Sou fruto da Serra e devo muito por tudo que essa cidade me proporcionou. Por isso continuarei trabalhando pelo melhor para nossa população."
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