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Audifax sofre a derrota mais surpreendente das eleições de 2024 no ES

Ex-prefeito da Serra liderava pesquisas de intenção de voto e ficou fora do segundo turno. O que pode explicar isso? E como ele vai se posicionar agora?

Vitória
Publicado em 07/10/2024 às 14h43
Audifax Barcelos, candidato a prefeitura  da Serra, entrevistado por A Gazeta e CBN Vitória
Audifax Barcelos, então candidato a prefeito da Serra, em sabatina realizada por A Gazeta e CBN Vitória no dia 9 de setembro. Crédito: Ricardo Medeiros

O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (PP) ficou em terceiro lugar na corrida pela Prefeitura da Serra e está, portanto, fora do segundo turno, que vai ser disputado por Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (Republicanos).

A queda de Audifax foi a derrota mais surpreendente das eleições de 2024 no estado e marca o fim de 28 anos de revezamento no comando da Serra. Desde 1997, o prefeito ou é Sérgio Vidigal (PDT) ou é Audifax. Os dois, que já foram aliados, são arquirrivais há 20 anos.

Em 2024, o candidato do PP foi superado pelo pupilo de Vidigal, Weverson, que foi o mais votado. O pedetista nunca havia disputado um cargo eletivo, ao passo que Audifax foi prefeito da Serra por três mandatos.

Weverson Meireles, porém, contou com a quase onipresença do atual prefeito na campanha, com o endosso do governador Renato Casagrande (PSB) e com um exército de cabos eleitorais formado por candidatos a vereador do PDT e de partidos coligados à sigla.

Dos 23 vereadores eleitos na Serra, 13 são de partidos que compõem a coligação de Weverson. Entre os dez eleitos mais votados para a Câmara, cinco são do PDT.

A estratégia de "voto casado", em que um candidato a vereador pede votos para si e para um candidato a prefeito parece ter funcionado.

Os principais fatores que impulsionaram Weverson, claro, foram Vidigal e o peso na máquina municipal. 

O próprio candidato do PDT apontou o desejo de mudança da população como explicação para o resultado.

O cansaço do revezamento entre Audifax e Vidigal pode, sim, ter sido decisivo, em alguma medida.

Afinal, o concorrente de Weverson no segundo turno, Muribeca, também não havia concorrido ao posto anteriormente.

O candidato do Republicanos, ao comemorar o resultado das urnas, falou em "acabar com o monopólio que já dura quase 30 anos".

Na campanha do primeiro turno, Muribeca pediu que os eleitores fizessem o "M da mudança" e imitou trejeitos do candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB).

Weverson, por sua vez, apresentou-se como "a mudança segura", capaz de oxigenar a gestão, mas tendo Vidigal como conselheiro.

O candidato do PDT também "marçalizou". Em debate realizado por A Gazeta e CBN, Weverson levantou uma carteira de trabalho para provocar Audifax, mesmo gesto protagonizado por Pablo Marçal contra Guilherme Boulos (PSOL).

Enquanto isso, na Serra, Audifax o tempo todo alertou que o essencial seria o eleitor escolher o candidato mais preparado e que a falta de experiência dos concorrentes era um risco.

Bem, o eleitor deu a resposta.

A VOTAÇÃO

  • Weverson Meireles (PDT) 97.087 votos (39,66%)
  • Pablo Muribeca (Republicanos) 61.690 votos (25,20%)
  • Audifax Barcelos (PP) 58.643 votos (23,96%)
  • Igor Elson (PL) 18.751 votos (7,66%)
  • Professor Roberto Carlos (PT) 7.513 votos (3,07%)
  • Wylson Zon (Novo) 919 votos (0,38%)
  • Antonio Bungestab (PRTB) 175 votos (0,07%)
     

Pesquisa Ipec publicada no sábado (5), véspera da eleição, mostrava, nos votos totais (considerando brancos, nulos e indecisos), um empate triplo entre Audifax, Weverson e Muribeca.

A pesquisa também mostrou que Audifax havia perdido sete pontos.

Ou seja, um estava em ascensão e o outro, em queda.

Imaginei que seria possível um segundo turno em que Audifax não seria o mais votado, mas, no fim das contas, nem para o segundo turno ele foi.

Isso pegou de surpresa até alguns atores políticos da Serra. 

E AGORA?

Agora, o ponto de interrogação está em outro lugar.

O que Audifax vai fazer no segundo turno? Apoiar Weverson, pupilo de seu arquirrival? Ou Muribeca, que o próprio Audifax pintou como uma ameaça para a Serra?

O ex-prefeito não concedeu entrevista à coluna.

Ainda na noite de domingo, quando a apuração dos votos já indicava que ele ficaria fora do segundo turno, Audifax enviou à imprensa a seguinte nota:

"É com gratidão que recebo a decisão da população da Serra, certo de que Deus conhece e planeja os melhores caminhos. Agradeço imensamente cada voto e o trabalho incessante, fiel e incansável da minha equipe, dos apoiadores e de toda a militância, além do comprometimento inabalável do meu partido, Progressistas, em especial do deputado federal Da Vitória. Sou fruto da Serra e devo muito por tudo que essa cidade me proporcionou. Por isso continuarei trabalhando pelo melhor para nossa população."

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