O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, secretário-geral do PSB nacional, avalia que o país vive um "presidencialismo de fachada".
"Quando o Poder Legislativo extrapola suas funções, como é o caso do Congresso Nacional, faz com que o Brasil tenha um presidencialismo de fachada", afirmou Casagrande, em entrevista à Rádio CBN Vitória, nesta quinta-feira (19).
"Hoje, o presidencialismo é de fachada. Não temos um presidencialismo com um presidente forte controlando o orçamento. Quem controla metade, ou mais da metade, do orçamento é o Congresso Nacional e não se pode ter esse desequilíbrio", completou.
O governador respondia a uma pergunta da coluna sobre a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Espírito Santo. A relação entre Executivo e Legislativo estaduais é bem mais amena em comparação com o que ocorre em Brasília.
Afinal, na Assembleia nem há emendas impositivas ao orçamento. No Congresso, há diversas modalidades, entre elas o orçamento secreto, motivo de celeuma entre os Três Poderes.
O PSB integra o governo Lula (PT), tem o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Ao falar em "presidencialismo de fachada", Casagrande, aliado do petista, admite que no governo federal não há "um presidente forte", ainda que trate isso como um problema causado pelo Congresso, que "extrapola".
O governador pretende se encontrar com Lula em breve, assim que o estado de saúde e a agenda do presidente da República permitirem. Em pauta, questões logísticas, como a malha ferroviária estadual.
Voltando à cena política local, a eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa vai ser realizada em 1º de fevereiro de 2025.
O atual presidente da Casa, Marcelo Santos (União Brasil), está "inclinado a disputar" a reeleição.
Em 2023, quando foi alçado ao comando do Legislativo, contou com o apoio declarado de Casagrande. E agora?
"Não descarto nem que seja ele nem que seja outro", respondeu o governador.
O socialista desconversou, disse que vai tratar do assunto apenas a partir de janeiro, mês que já está batendo à porta.
Marcelo Santos é aliado do Palácio, mas nas eleições municipais de 2024 esteve em lados opostos ao dos casagrandistas em cidades-chave, como Vitória, onde apoiou a reeleição de Lorenzo Pazolini (Republicanos), e na Serra, onde caminhou ao lado de Pablo Muribeca (Republicanos).
O presidente da Assembleia já afirmou não ter compromisso com Pazolini para 2026. O prefeito da Capital é um virtual candidato ao governo do Espírito Santo, hipótese em que disputaria contra alguém do grupo de Casagrande.
O governador também minimizou, nesta quinta, o fato de Marcelo ter apoiado adversários dos casagrandistas:
"Marcelo é meu aliado. Posições dele na eleição... nós já tratamos desse assunto e não muda nossa relação de aliados".
"No Espírito Santo, nas últimas décadas, o governador tem participado da escolha da Mesa Diretora e do presidente da Assembleia. Eu vou participar", adiantou o governador.
E, sim, embora apenas os deputados estaduais tenham direito a voto, o chefe do Executivo não somente "participa" como é decisivo na hora de escolher o chefe do Legislativo estadual.
A maioria dos parlamentares compõe a base aliada ao Palácio Anchieta e deve seguir à risca a orientação do governo.
"O combinado com o presidente Marcelo Santos é que nós vamos tratar desse tema em janeiro. Desejo tratar para que tenhamos unidade, para que tenhamos um ambiente harmônico com a Assembleia", contou Casagrande.
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