O senador Fabiano Contarato (Rede) enviou ofício ao relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), solicitando a inclusão de recentes declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no relatório final do colegiado.
Em live (transmissão ao vivo) nas redes sociais na última quinta-feira (21), Bolsonaro afirmou que "vacinados (contra a Covid) estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]". Isso, no entanto, não é verdade.
O Facebook e o Instagram até tiraram a live do ar, no domingo (25). Foi a primeira vez que tal medida foi adotada. O presidente da República faz transmissões ao vivo sempre às quintas-feiras. Não raro, espalha desinformações.
"É crime de epidemia com resultado de morte. Sem qualquer respaldo científico, Bolsonaro quer desinformar a população e propagar a Covid", afirma Contarato, que não é membro da CPI, mas participou, como outros parlamentares, das arguições de depoentes.
As declarações de Bolsonaro, que acabaram pautando a imprensa, surgiram no momento em que o governo federal é alvo de críticas em meio à alta na inflação e ao furo no teto de gastos.
Em ano pré-eleitoral, o presidente anunciou o fim do Bolsa Família e apresentou o Auxílio Brasil, um benefício assistencial concentrado, principalmente, no Nordeste, onde Bolsonaro tem menos apoio popular.
Sem respaldo no Orçamento, o governo também segue com a liberação de emendas para parlamentares com pouca transparência, o que fortalece o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e aliado do governo.
E ainda tem o "Bolsa Caminhoneiro", uma ajuda de custo para que os motoristas de caminhão paguem o combustível. O diesel, assim como quase tudo, está caro.
CPI DA COVID
A CPI da Covid está na fase final. O relatório pede o indiciamento de Bolsonaro por dez crimes, entre eles charlatanismo, epidemia com resultado de morte e crimes contra a humanidade, nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos.
O relatório vai ser enviado à Procuradoria-Geral da República, chefiada por Augusto Aras, aliado do presidente da República. Logo, é improvável que resulte em denúncia contra Bolsonaro.
Uma das estratégias do colegiado é acionar o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que a entidade vá ao Supremo Tribunal Federal em busca de punição pelos crimes cometidos.
Vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) informou que as falsas declarações de Bolsonaro relacionando vacinas a Aids vão ser incluídas no relatório. E mais:
"Além disso, encaminharemos ofício ao Ministro Alexandre de Moraes, pedindo que Bolsonaro seja investigado por esse absurdo no âmbito do inquérito das fake news e recomendaremos às plataformas de redes sociais a suspensão e/ou o banimento do Presidente".
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