Após ser rifado da corrida pelo Senado, o ex-secretário de Segurança Pública coronel Alexandre Ramalho (Podemos) decidiu disputar uma vaga de deputado federal. O militar da reserva da PM bateu o martelo nesta quinta-feira (11).
Até então, pairava a incógnita no ar, a respeito de ele participar ou não do pleito. Ramalho disse, em ocasiões anteriores, que ou seria candidato a senador ou a nada. No dia da convenção estadual do Podemos, em 29 de julho, ele pareceu um pouco mais maleável.
Dez candidatos a deputado federal do Podemos já estão registrados na Justiça Eleitoral. Tem vaga justamente para mais um.
Coincidência não é. O partido prioriza a eleição de nomes à Câmara, como expressou em uma "carta à população".
O presidente estadual da legenda, Gilson Daniel, garante que a agremiação conseguiria eleger dois deputados federais, mesmo sem Ramalho na chapa, mas admitiu que, com ele, "facilita muito".
Gilson Daniel também é candidato a deputado federal.
A bandeira de Ramalho é a segurança. Com discursos do tipo "acabar com a bandidagem", ele dialoga com o bolsonarismo. É um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mas também é um aliado do governador Renato Casagrande (PSB), a quem serviu no primeiro escalão.
O Podemos está na coligação do governador, que tenta a reeleição.
Enquanto isso, o coronel é cortejado pelo candidato Senado Erick Musso (Republicanos), que gostaria do apoio dele, ainda que informalmente.
Um aliado de Ramalho no Podemos, o deputado estadual Marcelo Santos, já declarou endosso a Erick.
A novela protagonizada pelo ex-secretário termina, assim, com um final previsível. Desde que o militar da reserva da PM se colocou como pré-candidato ao Senado, já se sabia que seria difícil emplacar como o nome apoiado pelo bloco governista.
O deputado federal Da Vitória (PP) e a senadora Rose de Freitas (MDB) também postulavam a vaga. A emedebista foi a escolhida.
O partido de Rose soma tempo de propaganda de rádio e TV à coligação de Casagrande. O Podemos, não.
O partido poderia ter lançado Ramalho ao Senado de forma avulsa, sozinho, e abrir mão de entrar na aliança formal com o PSB. Isso, no entanto, significaria ir para a disputa sem espaço no horário eleitoral gratuito e gastar dinheiro que poderia ser destinado aos candidatos a deputado.
Apesar desse cenário, o coronel se disse surpreso e injustiçado com a decisão do Podemos, que preferiu não embarcar na candidatura avulsa.
Lembrou que a legenda levou meses para dar uma resposta definitiva e considerou que os argumentos apresentados para não deixá-lo concorrer ao Senado não eram plausíveis.
Gilson Daniel disse a ele, por exemplo, que os candidatos a deputado não poderiam fazer material casado, usando a imagem de Casagrande, se o Podemos não estivesse na coligação. "O cara que abraça a campanha do governador vai fazer isso de qualquer jeito, a gente se comunica por rede social", contestou Ramalho.
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