O governador Renato Casagrande (PSB) jogou mais lenha na fogueira que arde entre PT e PSB. Em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", ele falou em tom pouco amistoso, nesta terça-feira (15), sobre petistas que criticaram o encontro do governador e o ex-juiz Sergio Moro. Os dois conversaram rapidamente no último sábado (12) na residência oficial da Praia da Costa.
Para lideranças do PT, inclusive a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, o encontro pegou mal em meio às negociações para uma federação entre PT e PSB. Moro é arquirrival de Lula, a quem condenou na Operação Lava Jato.
"Eu tenho 34 anos de PSB. O que me assusta é o autoritarismo de algumas pessoas que reagem de forma arrogante e prepotente devido a uma conversa. É preciso ter humildade, saber que o diálogo faz parte, é base da democracia", afirmou Casagrande.
"Parece que algumas lideranças são guardiãs da pureza ideológica", alfinetou o socialista.
Ele reafirmou que o fato de ter conversado com Moro não significa apoio ao ex-juiz na corrida pela Presidência da República. O PSB nem sequer flerta com Moro, está mais próximo de Lula.
O governador já havia endossado, como a coluna mostrou, uma publicação no Twitter que dizia que o PT fez aliança até com satanás. O socialista é contra a federação do PSB com quaisquer partidos.
GUERRA DE NOTAS
Antes das declarações de Casagrande, PT e PSB locais já haviam divulgado notas sobre o encontro entre o governador e Moro.
"Ao acenar para Moro,Renato Casagrande alinha-se com um dos principais responsáveis pela agenda que alçou o país ao autoritarismo, à criminalização dos movimentos sociais e da política, ao clima de ódio reinante, ao esgarçamento social e ao negacionismo", diz texto assinado pelo PT no Espírito Santo.
CONTRA-ATAQUE
"Causa estranheza a maneira raivosa, autoritária e desrespeitosa com a qual algumas lideranças no campo da esquerda trataram um encontro público e protocolar do governador com o ex-ministro e atual candidato à Presidência da República Sergio Moro. Afinal, democracia não é exclusão; é diálogo. E é justamente na ausência de diálogo que os ditadores se afirmam", ponderou o PSB estadual, também em nota.
"INTERPRETAÇÃO ERRADA"
Presidente do PSB-ES, Alberto Gavini sustenta que "não há problema" na relação com o PT estadual.
"Apenas há uma interpretação errada por parte de alguns companheiros do PT sobre a visita do Moro. Qualquer pré-candidato que vier ao estado o governador vai receber, por uma questão republicana e de educação. Não quer dizer que o PSB está do lado de Moro, de forma nenhuma. O PSB é contra Bolsonaro e não tem nenhuma simpatia pela candidatura do Moro", ressaltou Gavini.
Se a federação entre PSB e PT não se consolidar, PT e PSB podem ficar em lados opostos no Espírito Santo. O senador Fabiano Contarato passou a integrar as fileiras petistas e é pré-candidato ao Palácio Anchieta.
NOVOS FILIADOS
Depois de tomar café com Casagrande, Moro esteve em um encontro do Podemos, em Vila Velha. Lá, o partido ganhou adesões. O médico Gustavo Peixoto, que em 2018 disputou, sem sucesso uma vaga de deputado federal pelo PTB, agora está no Podemos.
O vice-prefeito de Vila Velha, Victor Linhares, saiu do Solidariedade e também ingressou no partido de Moro, que é também o do prefeito da cidade, Arnaldinho Borgo.
Entre os novos filiados ao Podemos também estava o empresário Rafael Ottaiano.
DO TCHAU?
Enquanto isso, o senador Marcos do Val (Podemos), disse que pode não concorrer a mais um mandato. "Não sei se continuo, só lá na frente vamos decidir", afirmou, ao discursar no evento do partido.
Ele tem cadeira no Senado até 31 de janeiro de 2027.
CONTROLE E TRANSPARÊNCIA
Um decreto publicado no Diário Oficial do estado movimentou a sessão da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (15). O presidente da Casa, Erick Musso (Republicanos), queixou-se de uma mudança feita na Secretaria de Controle e Transparência (Secont).
O decreto revogou um decreto anterior, "que dispõe sobre a avaliação prévia de processos licitatórios, convênios, concessões e parcerias público-privadas - PPP" pela Secont.
Erick Musso bradou que a pasta estava abrindo mão de sua principal, ou única, finalidade, por meio de decreto, sem passar pela Assembleia.
A Secont informou, no entanto, que, na prática, nada muda. A secretaria vai continuar analisando as licitações, convênios e PPPs, mas vai fazer isso com base em uma regulamentação feita por resoluções. O decreto revogado previa justamente isso.
CONTROLE E ELEIÇÕES
Erick também discursou que é inadequado que o secretário de Controle e Transparência, Edmar Camata, seja filiado a partido político. Camata disputou uma vaga de deputado federal em 2018 pelo PSB. Mas não está mais filiado.
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