A quinta-feira (13) foi o Lula day, uma data em que apoiadores do ex-presidente da República marcaram um ato na Praça Costa Pereira, em Vitória, em apoio ao petista na disputa pela Presidência da República. Ele disputa o Palácio do Planalto no segundo turno contra o atual chefe do Executivo federal, Jair Bolsonaro (PL).
Mas o ato não era apenas em favor de Lula. Bandeiras com o nome do governador Renato Casagrande (PSB), que tenta a reeleição, foram hasteadas. Uma publicação do deputado estadual eleito João Coser (PT) anunciou: "Dia 13 Luladay com Casagrande".
Pois foi sem Casagrande. O socialista não compareceu.
Ele já declarou voto em Lula, mas não participa ativamente da campanha do ex-presidente.
O governador concorre contra o bolsonarista Carlos Manato (PL). Bolsonaro foi o mais votado para presidente no primeiro turno no estado. Casagrande também foi o preferido dos eleitores.
A estratégia adotada pela campanha dele é afirmar que não há problema em se votar no presidente da República e, ao mesmo tempo, em Casagrande. Essa dobradinha BolsoGrande ou CasaNaro certamente já aconteceu no primeiro turno em alguns casos.
Manato faz o movimento contrário, apresenta-se ainda com mais ênfase como o candidato do Bolsonaro para impedir essa escolha ideologicamente contraditória.
O fato é que o cálculo da campanha do governador é que não seria bom negócio para ele associar-se à imagem de Lula.
Enquanto isso, o ex-presidente estava em campanha no Nordeste, passou por Sergipe e Alagoas.
ENCONTRO MARCADO
À coluna, a assessoria de imprensa do candidato do PSB informou que ele não compareceu à Praça Costa Pereira porque já tinha uma reunião marcada com o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT)
"Não temos que discutir narrativa, temos que discutir projetos e programas. Narrativa só serve para a eleição, mas, passada a eleição, a população precisa de projetos e programas, e só Casagrande é quem tem", discursou Vidigal, no encontro.
LULANATO
Isso poderia irritar a militância petista, mas não é por isso que integrantes da esquerda votariam em Manato. Casagrande, assim, age pragmaticamente para não perder os votos dos bolsonaristas.
O voto dos petistas ele dificilmente perderia. É muito improvável o voto LulaNato. Embora exista. Há testemunhas (não do voto, claro, mas da intenção).
MANATO E RICAS
Por falar em encontro, em evento de campanha em Linhares, na noite desta quinta, Manato discursou ao lado do ex-prefeito da cidade Guerino Zanon (PSD), que o apoia.
O candidato do PL contou que esteve com o superintendente da Polícia Federal Eugênio Ricas. Foi perguntar se há algum crime contra ele, Manato, já que o governador diz que ele é "bandido".
A campanha de Casagrande apontou que o ex-deputado federal foi associado à Scuderie Le Cocq, um grupo de extermínio que representava o crime organizado e ganhou fama no estado nos anos 1990.
O candidato do PL já afirmou que teve ficha de filiação à Le Cocq, mas isso ocorreu apenas por intermédio de uma associação filantrópica ligada a militares. Negou ter participado de quaisquer atividades criminosas, as quais disse desconhecer.
Nesta quinta, em Linhares, disse que vai aguardar a resposta de Ricas, mas tem certeza que não há nada.
O curioso é que o superintendente da PF quase foi candidato ao governo pelo PSD de Guerino. Recuou quando soube da chegada iminente do ex-prefeito ao partido para disputar o Palácio Anchieta.
Nos bastidores, a informação é que a candidatura de Ricas foi, inicialmente, incentivada pelo ex-governador Paulo Hartung. Guerino também é hartunguista e levou a melhor. Mas ficou em terceiro lugar no pleito, com 7% dos votos.
REFORÇO NO PALANQUE
Casagrande é quase unanimidade entre os prefeitos do Espírito Santo. Dos 78, 73 apoiam a reeleição do governador.
Bruno Marianelli (Republicanos), de Linhares, entretanto, não é um deles. Aliado de Guerino – era o vice e assumiu o Executivo municipal quando o então prefeito renunciou ao cargo –, Bruno compôs o palanque de Manato na cidade e declarou apoio ao ex-deputado federal.
No primeiro turno, Casagrande foi o mais votado em 64 cidades. Manato, em 13. Em Linhares, quem ganhou foi Guerino. Além do recall do então candidato do PSD, que foi prefeito do município por cinco mandatos, a máquina da prefeitura deve tê-lo ajudado. Não se sabe se vai ser capaz de fazer o mesmo pelo candidato do PL.
O NOVO
Mas vem mais reforço aí. Ainda no evento na cidade do Norte do estado, Manato disse que o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deve vir ao Espírito Santo apoiá-lo. Zema está com Bolsonaro.
Aridelmo Teixeira, que disputou o Palácio Anchieta pelo Novo e teve 0,7% dos votos, já até foi anunciado como futuro secretário da Fazenda de Manato. Isso, claro, se ele for eleito.
ANISTIA PODE SER VOTADA ANTES DE MAGNO CHEGAR LÁ
O senador eleito Magno Malta (PL) diz que sua primeira bandeira ao tomar posse, em 1º de fevereiro de 2023, vai ser a anistia criminal aos policiais militares acusados de participação na greve ilegal de 2017 no Espírito Santo.
Os militares já foram anistiados, administrativamente, por Casagrande, com a anuência da Assembleia Legislativa. Mas, criminalmente, só o Congresso Nacional pode aprovar.
O relator do projeto de lei que trata do tema é o senador Marcos do Val (Podemos), como a coluna já mostrou. O relatório sobre a proposta já está pronto. De acordo com Do Val, a votação, diretamente em plenário, pode ocorrer após as eleições.
TOMOU "POSSE" ANTES DA HORA
O vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos) foi eleito para presidir a Câmara municipal a partir de janeiro do ano que vem. Ele já confeccionou, e entregou, diplomas de honra ao mérito a aliados em que assina como "vereador presidente da Câmara de Vitória".
Até o ano que vem, o presidente da Casa é Davi Esmael (PSD).
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